TVs
públicas abrem espaço para a diversidade e realidade das
Américas
“Democratização da informação” é um termo que pode ser usado para definir iniciativas como a das emissoras de televisão TV Brasil e TeleSur, vinculadas aos governos do Brasil e da Venezuela, cujo propósito principal é o de produzir e veicular notícias relacionadas aos interesses do país e da América do Sul. Por Sheila Morello, do Informativo SetePontos, out/2005 “Democratização da informação” é um termo que pode ser usado para definir iniciativas como a das emissoras de televisão TV Brasil e TeleSur, vinculadas aos governos do Brasil e da Venezuela, cujo propósito principal é o de produzir e veicular notícias relacionadas aos interesses do país e da América do Sul, bem como promover a integração com os países sul-americanos e os de língua portuguesa. Inaugurada, em caráter experimental, durante a 5ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), realizado em janeiro de 2005, a TV Brasil é um canal público internacional do Estado Brasileiro que reúne de forma inédita os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e que nasce para contribuir com o fortalecimento do processo de integração na América do Sul. A idéia é que a emissora veicule uma programação de interesse público, além de programas produzidos por grupos comunitários nas mais diferentes cidades e países, que não encontram espaços adequados para veicular seus trabalhos. Vozes da América
Latina
O jornalista Beto Almeida, diretor multinacional da Telesur, em entrevista à Agência Brasil, afirma que a nova televisão será um meio de evitar a "sonegação de informação". E deixa bem claro que a imparcialidade não é um valor a ser perseguido pela emissora. “As grandes mídias não são imparciais. Elas são favoráveis à defesa de programas econômicos neoliberais, defendem a continuidade da desnacionalização da economia, de planos econômicos que levaram a América Latina a viver essa situação de miséria. Isso não é imparcialidade. Nós tampouco somos imparciais. Somos independentes porque não temos vinculação com agentes interessados no lucro. Nós defendemos aquilo que está preconizado nas constituições dos países: a integração latino-americana”, revela. A TeleSur é um canal a cabo, mas que no Brasil pode ser visto por meio das TVs comunitárias, da Internet e que deverá também ser transmitido pela TV Brasil. A emissora está atualmente em 22 países e sua transmissão é via satélite. A implantação de projetos como estes é uma necessidade do mundo contemporâneo e, de certa forma, reafirma a necessidade de se ter um canal de televisão que expresse uma comunicação internacional alternativa à mídia privada comercial. Durante o Seminário sobre Televisão e Integração na América do Sul, que ocorreu durante o mês de setembro, o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, ressaltou esta necessidade. "É importante a formação de redes a partir do entendimento das nossas raízes históricas e culturais comuns e do papel estratégico que a livre troca e circulação de nossas produções audiovisuais nacionais representa para a cidadania e para o desenvolvimento econômico e social dos povos do continente", disse Senna. Enquanto isso, a TVE... As empreitadas são ousadas e inovadoras. Não obstante, o Brasil possui outra TV vinculada ao governo federal, que é a TV Educativa (TVE). Inicialmente, o propósito da emissora era produzir e veicular programas de caráter educativo. Embora a idéia original tivesse aspectos muito positivos, a implantação dessas retransmissoras não apresentou os resultados esperados e ao longo dos anos, a TVE teve seus maus momentos, chegando até a abrir seu espaço para a veiculação de comerciais. Atualmente, a TVE desenvolve programas educacionais, culturais e informativos, contudo não atinge o ideal proposto pelas novas emissoras, até porque, ao que tudo indica, faltariam investimentos. Inclusive, a emissora foi transformada em Organização Social durante o governo Fernando Henrique Cardoso justamente para poder captar mais verbas. Enquanto isso, estima-se que o investimento no projeto da TV Brasil tenha superado os R$ 30 milhões. A questão
abre espaço para um questionamento: Será que um investimento
suplementar na TV Educativa não seria uma opção mais
útil, mais sólida e verdadeiramente mais integradora do que
investir milhões em uma nova empreitada? Procurada para falar sobre
o assunto, a TVE decidiu não se pronunciar. Portanto, resta ao povo
almejar que o Brasil tenha condições e competência
para disputar e conquistar o espaço que as novas empreitadas precisam
ter.
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