Skype chega a 35  milhões de clientes e preocupa operadoras

Por Manoel Fernandes, na Isto É Dinheiro, abril de 2005

É relativamente fácil descobrir qual a maior operadora de telefonia fixa do mundo. O posto pertence à China Telecom, com seus 200 milhões de clientes. Difícil é apontar a companhia mais criativa e inventiva nesse setor. Uma séria candidata ao título tem apenas dois anos de operação e sede em um paraíso fiscal: Skype. A companhia se transformou nos últimos tempos em um dos maiores fenômenos da rede.

A razão é simples. Por meio de um software desenvolvido pela empresa, qualquer pessoa dona de uma conexão com a internet pode fazer ligações telefônicas sem a necessidade de passar pelos cabos das operadoras tradicionais. É tão revolucionário como se o dono de um carro completasse o tanque com água da torneira de casa. Do Skype é possível conversar com telefones fixos e celulares para qualquer lugar do mundo. Essa é a sua grande vantagem, porque permite conversas de longa duração ao custo apenas, na versão gratuita, da conexão de internet.

Na versão paga, o minuto de ligação custa R$ 0,06 contra a tarifa de longa distância da Embratel que chega a cobrar R$ 0,55 pelo mesmo tempo. Essa equação garante à empresa 35 milhões de usuários em 210 países. O Brasil ocupa a sexta posição com 1,4 milhão de usuários. "Somos uma oportunidade, não uma ameaça", disse à DINHEIRO o empresário sueco Niklas Zennström, que fundou a empresa com o amigo dinamarquês Janus Friis. "Nosso modelo de negócio está mais próximo do Google do que das velhas companhias telefônicas."

Novidade: Computadores de mão também usam Skype 

O Skype mexe com o nervo das operadoras. Não pelo programa em si, mas o rastilho de pólvora que ele espalha entre os clientes de telefonia em todo o mundo. Quem utiliza o software dificilmente retorna ao velho mundo dos fios telefônicos. Diante de uma possível queda na receita de voz, as operadoras preferem adotar a estratégia da avestruz: enterram a cabeça no chão e fingem que o problema é com os outros.

Nos Estados Unidos, por exemplo, há companhias que tentam bloquear o tráfego das ligações feitas pelo Skype, o que irrita os consumidores. A cada dia 160 mil usuários de internet copiam o Skype no planeta. "O Napster morreu, mas deixou a semente plantada", diz Eduardo Tude, da consultoria Teleco, especializada no mercado de telecomunicações. O Napster ganhou fama por permitir a troca pela internet de arquivos digitais de música sem o pagamento de direitos autorais. Antes do Skype, Zennström e Friis também ajudaram a criar o Kazaa, software que tinha as mesmas funcionalidades do Napster, mas buscava e trocava qualquer tipo de arquivo. "O ponto fraco deles é que a presença do computador em algum ponto da conversa é fundamental", diz Mario Leonel, da operadora brasileira PrimeiraEscolha, que atua no mercado corporativo prestando serviço de telefonia pela internet para seus clientes.

Para alguns analistas só o Messenger, o comunicador instantâneo da Microsoft, pode conter o avanço do Skype. Na sua última versão, o programa adicionou recursos de áudio e vídeo para seus 160 milhões de usuários no mundo, sendo 10 milhões no Brasil, mas seus executivos não se mostram interessados em entrar nessa briga. "O Skype é um problema para as operadoras de telefonia", afirma Osvaldo Barbosa, diretor no País do MSN, a subsidiária da Microsoft. E, nesse caso, Zennstrom e seu sócio estão sozinhos. Até agora.

Como funciona o Skype

Para fazer ligações pelo Skype é necessário ter o programa funcionando no computador. O software é gratuito e pode ser copiado direto da página da empresa (www.skype.com). Já foram feitos 100 milhões de downloads desde o seu lançamento. Para quem não domina o inglês, há uma versão em português.

Existem duas maneiras de falar pelo Skype. A primeira é gratuita. Nela o usuário faz uma ligação para outra pessoa que também possui o programa no seu PC. O único custo nessa operação é aquele que já está pago: a conexão com a internet. O ideal é usar banda larga, mas é possível utilizar a conexão via modem.

Na versão paga, o internauta compra um crédito, paga R$ 0,06 por minuto e pode fazer suas chamadas para telefones fixos e celulares convencionais. Na última versão do programa, a empresa acrescentou um novo serviço que permite a operação no sentido inverso (alguém ligar para quem tem o software funcionando no computador).
 

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