Brasil de Fato, instrumento para a luta
Por Cristiane Gomes, de Porto Alegre (RS), para o Brasil de Fato em janeiro de 2005


Mais de quatro mil pessoas participaram, no dia 29 de janeiro, da comemoração dos dois anos do Brasil de Fato. O evento aconteceu no Ginásio Araújo Viana, em Porto Alegre (RS), como uma das atividades do 5º Fórum Social Mundial. O público era formado por personalidades, intelectuais, leitores, colaboradores, militantes sociais, membros do conselho político e editorial, equipe de produção e pessoas como Luís Pereira, de Porto Alegre, que ainda não conheciam o Brasil de Fato. “É a primeira vez que vejo o jornal, mas gostei muito da proposta”, afirmou.

Um debate marcou o evento. O professor Plínio Arruda Sampaio comparou o jornal a uma pedra que incomoda. “Diante da mídia brasileira, o Brasil de Fato é uma pedrinha, mas se todos nós tivermos esta pedrinha, será uma pedrada, como na história biblíca de Davi e Golias. Aqui está a turma do estilingue”, disse. Muito aplaudida, a argentina Hebe Bonafini, de 72 anos, integrante das Mães da Praça de Maio falou sobre a importância da comunicação no processo revolucionário, que classificou de “único caminho para os povos da América Latina”. Com ela concordou o palestino Mustafá Barghouti, para quem o semanário “deixou o caminho mais curto na luta contra o imperialismo”.

“Quando me perguntam por que tantas pessoas votaram em George W. Bush, eu digo que a culpa é da imprensa estadunidense. Por isso, tenho muito orgulho em celebrar o Brasil de Fato, um jornal que está com o povo”, declarou a jornalista estadunidense Medea Benjamin. O bispo dom Tomás Balduíno, presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ressaltou as mobilizações e a resistência social, noticiadas semanalmente pelo jornal.

O escritor paquistanês Tariq Ali lembrou que não é possível mudar o mundo “ajoelhado aos interesses do FMI e de olhos fechados para os problemas do povo”. Segundo ele, hoje, a Palestina, o Iraque e a América Latina são os principais pontos de luta e resistência contra o neoliberalismo em todo o mundo. “ O Brasil de Fato fala a verdade e isso é muito importante hoje”, disse.

Também participaram a médica cubana Aleida Guevara, filha do Che; o deputado estadual Raul Pont (PT-RS); a escritora e jornalista chilena Marta Harnecker e o historiador russo Kiva Maidanik. Estavam no palco membros dos conselhos político e editorial do jornal, jornalistas, fotógrafos e convidados, como a atriz Letícia Sabatella e o teólogo Leonardo Boff.

João Pedro Stedile, representando o conselho político do Brasil de Fato, disse estar convencido de que o jornal é um instrumento necessário para subsidiar a militância e para levar informação que ajude a organizar o povo. Letícia Sabatella completou: “Que o Brasil de Fato consiga ser, a cada edição, mais forte na sua opinão. Que seu espaço valorize a cultura dos brasileiros, que é infinitamente rica. Por fim, que a gente possa, neste jornal, valorizar os brasileiros de fato”.
 


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