Acerca do futuro do audiovisual
brasileiro
APROCINE, 9 de agosto de 2004 Depois de anos de ausência, o Estado Brasileiro decidiu reassumir o papel de mediador nas questões que afetam a produção, difusão e enriquecimento da produção audiovisual no Brasil. As iniciativas do Ministério da Cultura desde o ano de 2003, que culminaram agora na proposta da Lei Geral do Audiovisual e na criação da ANCINAV, apontam firmemente nesta direção. É hora de as lideranças responsáveis pelos diferentes segmentos da produção audiovisual, seja qual for a área de atuação, seja qual for a região do País, se posicionarem em respaldo a essas iniciativas que vem ao encontro de nossas históricas cobranças de um estado mais presente e responsável. Não para impor filtros artísticos ou ideológicos ao processo cultural mas, ao contrário, para por fim à ditadura do marketing que se instalou desde que, sob o álibi das Leis de Incentivo a Cultura, o Governo negligenciou o seu papel e permitiu que vigorassem apenas as (supostas) "leis de mercado" em questões que afetam de forma gravíssima o futuro do Brasil como nação e como sociedade livre, democrática e solidária. A Associação dos Produtores e Realizadores de Filmes de Longa Metragem de Brasília - APROCINE vem manifestar de público o seu apoio à iniciativa do MinC ao propor a Lei Geral do Audiovisual e a criação da ANCINAV. Acreditamos que a proposta possa ser aperfeiçoada mas isso se dará no âmbito do Conselho Superior de Cinema, ouvindo as entidades representativas da classe e não, através do bombardeio que ora se vê através da mídia. Apoiamos sobretudo os mecanismos que visam garantir a distribuição mais democrática dos espaços e dos recursos quer em relação às diversas regiões do País, quer em relação aos agentes do processo com menor capacidade financeira e menos trânsito na mídia. É preciso preservar a pluralidade cultural do Brasil e as transformações anunciadas apontam nessa direção. É importante também usar a capacidade de ação do Governo para promover a democratização e descentralização da produção e do acesso aos bens culturais audiovisuais no Brasil. Por tudo isso, louvamos a iniciativa
do Ministério da Cultura e confiamos no Conselho Superior de Cinema
como a instancia capaz de discuti-la e aperfeiçoá-la.
Brasília, 09 de agosto de 2004 MANFREDO CALDAS
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