“Veja” é sempre a “Veja”:
a revista mais conservadora do país
Por Vito Giannotti, abril de 2004
As perguntas que ela não responde Agora, quem construiu a Rocinha? Quem construiu as favelas do Rio? Porque o pessoal vai morar lá? A nenhuma destas questões ela responde. Ou melhor, responde a todas em bloco: foi o medo. Ou seja, não diz nada para esconder tudo. A culpa da existência das favelas é o medo. O resto para ela não interessa. As causas verdadeiras não interessam. A revista se satisfaz em colocar a culpa numa conseqüência e não no caso. Mas isto é só a manchete geral. Vai além: “A guerra de traficantes da rocinha parou o Rio de Janeiro e expôs a tragédia urbana produzida pela proliferação de favelas nas grandes cidades brasileiras...” Eis o supremo veredicto: a tragédia urbana é produzida pelo crescimento das favelas. Não foram os moradores que provocaram a tragédia social Os criminosos, os assassinos os perigosos terroristas são... os moradores destas favelas. São eles que provocam a tragédia. Nada de “Veja” se perguntar do porquê de existirem favelas no Brasil. Nada de “Veja” se perguntar de onde vêm as armas, as granadas, a droga. Quem coordena isso? Quem libera tudo isso? Quais suas ramificações com a polícia, a justiça o poder legislativo? E qual será a solução que o semanário propõe para acabar com esta tragédia? No seu número de 28 de janeiro a revista escreveu que o bombardeio que matou centenas de milhões no Afeganistão, foi uma dedetização. Será que a “Veja” não sonharia com uma boa dedetização dos nossos morros e favelas? Assim acabaria a tragédia. Nada melhor que acabar com as favelas... dedetizando-as, como os Estados Unidos fizeram com o povo do Afeganistão. Vito Giannotti é coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação
Núcleo Piratininga de Comunicação — Voltar |