CUT quer concessão de
canal de TV e rádio
Com a presença de representantes de 23 CUTs, foi realizado nos dias 26 e 27, em São Paulo, o 4º ENACOM. Os debates giraram em torno da Política de Comunicação da CUT com destaque para o programa de formação de dirigentes e profissionais da área. Por Claudia Santiago, junho de 2004
Para ele, uma comunicação que seja um contraponto à mensagem neoliberal, preserve as identidades culturais e defenda empresas como a Petrobrás. Marinho considera que a CUT não deva pensar a sua comunicação sozinha, mas sim, ter parceiros especialistas no assunto que ajudem a Central a pensar e a agregar novos parceiros. Justifica dizendo que o projeto da CUT não pode sacrificar os sindicatos. “Nossos recursos são poucos e às vezes não suficientes. Essas parcerias tanto podem ser com bancos públicos como o Banco do Brasil, como com empresas da iniciativa privada, desde que não interfiram no conteúdo”, comentou. Deu como exemplo de experiência que resultou em problemas, a TVT (TV dos Trabalhadores criada em São Bernardo do Campo). “A TVT, sozinha, ousou colocar um programa de TV no ar, o Olhar Brasileiro, mantido exclusivamente pelo movimento sindical. O resultado foi uma dívida brutal.” Marinho aposta alto. A partir da experiência do TV CUT, a Central pretende trabalhar uma concessão de canal de TV e rádio. E assim ter um instrumento que divulgue suas idéias. “Nosso objetivo é constituir uma rede nacional de rádio e televisão para nos comunicarmos com a sociedade e nos contrapormos ao que diz o poder econômico e, muitas vezes, o governo. Nós temos esse direito. Hoje precisamos fazer um esforço danado para publicar um artigo em um jornal”, afirma. O dirigente acredita na profissionalização. “À direção cabe dar as diretrizes e avaliar se a comunicação que está sendo feita atende aos objetivos da instituição.” A disputa de hegemonia mudou? Para o presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, a disputa de hegemonia na sociedade atual é muito mais complicada. “A comunicação não é mais racional, o jornalismo se transformou em espetáculo e o entretenimento é, hoje, um dos principais campos de atuação do capital.” Destaca que os meios de comunicação passaram por um processo de oligopolização que envolve a telefonia, satélite, cinema, Internet e entretenimento, que mudaram a face do capitalismo. “O que era transmissão de idéias a serviço de uma atividade política, virou atividade econômica, aliás uma das principais atividades econômicas da atualidade.’ Bucci diz que o controle dos proprietários dos meios de comunicação, hoje, é relativizado pela lógica do espetáculo e pelas preferências do público. Para ele, a CUT é um sucesso de comunicação que deve ser incrementado. Na sua opinião, mais pela informação do que pela propaganda. “A credibilidade é um patrimônio que só a informação objetiva pode trazer.” Ele defende que o veículo sindical precisa representar todas as posições que estão na categoria, assim como a TV Senado tem de representar todos os senadores. A palavra propaganda vem da política Mauro Motoryn responde a Eugênio lembrando que a origem da palavra propaganda vem da política. Para ele, que expôs um plano de comunicação para a CUT, o objetivo da Central deve ter como objetivo não o marketing de massas que teria como objetivo atingir 160 milhões de pessoas, mas o marketing viral (contato direto) e o marketing da lealdade (credibilidade da marca CUT). Diz que a CUT tem dificuldade de fazer sua mensagem chegar à base e cita, entre outros, um controvertido exemplo que causou arrepios a alguns dos participantes do encontro: “os bem sucedidos primeiros de maio da Força Sindical.” O que quer Spis O secretário nacional de Comunicação da CUT, Antônio Carlos Spis, fez um alerta aos sindicatos. Informou que os 61 sindicatos que responderam à pesquisa da CUT sobre Comunicação reúnem 148 profissionais, dos quais apenas 50 têm carteira assinada. Spis garantiu que na Imprensa da CUT nacional não haverá terceirizações. O secretário propôs a criação de um conselho editorial “para construir uma dinâmica de pauta para o TV CUT e também para uma revista mensal que será construída de forma integrada pelas CUTs.” Feliz, contou que está negociando com o Sindicato dos Artistas de São Paulo, a criação do hino da CUT. O artista plástico Elifas Andreatto gostou da idéia e está ajudando na empreitada. Spis aposta também no
Programa de Formação em Comunicação de dirigentes
e profissionais que começa a ser colocado em prática no segundo
semestre deste ano, centralizado nas escolas da CUT. No final de novembro
haverá uma oficina nacional de avaliação e re-planejamento
para 2005.
Cláudia Santiago.
Publicado originalmente do Rápido, Boletim da CUT-RJ.
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