O Golpe Militar impediu uma
sociedade mais justa no Brasil
Por Luisa Souto, abril de 2004 No dia 1º de abril de 1964, militares e empresários, apoiados por grande parte de classe média brasileira, e também da hierarquia da Igreja Católica, deram um Golpe político que instaurou a Ditadura Militar no Brasil. Um Golpe que já vinha sendo arquitetado há bastante tempo. Junto com eles, o tempo todo, estava a Embaixada Americana. A renúncia de Jânio
Quadro e a posse de Goulart
Então, Jango decide desembarcar em Porto Alegre onde a esquerda encontrava-se mais organizada sob a liderança do governo do Estado, Leonel de Moura Brizola. Lá, teria proteção ao chegar. Depois de reuniões com os militares, ele assume a Presidência, porém o regime passa do presidencialismo ao parlamentarismo, ou seja, todas as decisões necessitariam do aval do primeiro-ministro, que era Tancredo Neves. Esse sistema dura dois anos e pouco, mas acaba cedendo às pressões da esquerda que queria as Reformas de Base. Volta então, o presidencialismo, mas que não resiste muito tempo e é derrubado pelo Golpe. O Golpe Militar
Jango decide ir do Rio em direção a Brasília, mas ao chegar é avisado de que se lá desembarcasse seria imediatamente preso. Assim, em poucas horas, lá estava ele voando para Porto Alegre. Enquanto isso, no Congresso Nacional, a direita tentava aprovar uma declaração de que a Presidência da República estaria vaga. Prevendo que isso fosse acontecer, os assessores do governo de Jango enviaram uma carta para ser lida nessa audiência, declarando que o presidente se encontrava em território nacional. Porém, ao invés dessa, é lida uma outra, distorcida, que dizia que devido aos últimos acontecimentos o presidente já havia deixado o País. Um dos ministros fiéis a Jango ainda tenta desmentir a situação, mas é arrancado à força da bancada. Sendo assim, a Presidência é declarada vaga e o presidente da Câmara dos Deputados assume o cargo. Ao chegar a Porto Alegre Jango é informado do que havia ocorrido. Brizola tenta convencê-lo de que uma resistência armada é necessária, mas vendo que não havia tido resistência nem por parte da população, nem por boa parte da esquerda ele resolver entregar os pontos. Exilado, no Uruguai, só lhe restava a esperança de um dia retornar ao Brasil, numa outra realidade. Os primeiros anos pós-Golpes
Os grupos envolvidos na execução do Golpe tentavam justificar suas ações garantindo que havia sido um golpe para evitar outro golpe. Segundo eles, com ideologias que vigoram até hoje, a esquerda comunista estava também preparada para dar um golpe. Mentira! Este Golpe civil-militar dado pela direita é que já vinha sendo preparado há 10 anos, desde a época em que Getúlio Vargas, ao assumir o seu segundo mandato, elabora uma política nacional-desenvolvimentista e passa a ser perseguido. E foi por isso que a única saída encontrada pelo presidente daquela época (1954) foi o suicídio. A causa principal do Golpe foi o conservadorismo. Ao perceberem uma manifestação mais justa do governante, os conservadores logo ficaram com medo e retomam as organizações em torno do Golpe. Para conseguir aliados, passaram a fazer propaganda com o objetivo de incutir o medo nas pessoas. A classe média teme perder seus bens. Os empresários temiam a desvalorização dos seus negócios, caso houvesse um retrocesso no capitalismo. Contavam com o apoio dos meios de comunicação, com exceção de um jornal, o Última Hora. Propagavam a idéia de que Jango seria comunista e que junto com Brizola iriam fazer no Brasil o mesmo que ocorreu em Cuba. O que eles esqueciam, é que nem Fidel Castro era comunista quando fez a revolução. Jango não era comunista como diziam os políticos da direita. Era simplesmente um político que pregava a realização de reformas que tornariam a sociedade brasileira uma sociedade mais justa. Adaptada aos avanços do capitalismo. (Luisa Souto é aluna da 3ª série do ensino médio do CEAT (Centro Educacional Anísio Teixeira). Tem 17 anos. O artigo foi escrito depois de uma série de atividades promovidas pela escola, alusivas ao Golpe Militar: aulão com jogral e músicas, debates, filme e peça teatral.) |