Resoluções do 4º Enacom
Por Agência CUT, junho de 2004

O 4º Encontro Nacional de Comunicação da CUT, realizado entre os dias 26 e 27 de maio, em São Paulo, SP, reuniu 93 pessoas, 48 dirigentes e 45 assessores de comunicação das estruturas vertical e horizontal da CUT. Um marco na organização da comunicação da Central em seus 20 anos de história tal a sua representatividade; das 27 CUT Estaduais, compareceram dirigentes e assessores de 23; nove confederações orgânicas, seis escolas sindicais e duas federações da área da comunicação, além de quatro membros da Executiva Nacional da CUT; o presidente, Luiz Marinho; o secretário geral, João Felício; e os secretários nacionais de Comunicação e Formação, Antonio Carlos Spis e José Celestino Lourenço, respectivamente, ambos organizadores do Encontro.

Nos dois dias de trabalho, os participantes participaram de três mesas de discussão e por duas vezes, discutiram, em grupos, as experiências regionais em comunicação. Para as mesas, o 4º Enacom trouxe, no primeiro dia, o presidente nacional da CUT, Luiz Marinho, o presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, e o presidente da Calia Assumpção, empresa ligada ao Grupo Total que produz o programa de TV da CUT, Mauro Montoryn. O tema foi “a comunicação e a disputa pela hegemonia na sociedade brasileira”.

Na segunda mesa, o secretário nacional de Comunicação, Antonio Carlos Spis, e o presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Manoel dos Santos, debateram “as novas bases da Política Nacional de Comunicação e os desafios frente à nova conjuntura brasileira”. Spis, relatou as propostas da Secom/CUT, enquanto o presidente da Contag falou sobre as experiências da confederação na produção do seu programa de rádio em nível nacional.

Já no dia seguinte, o secretário nacional de Formação, José Celestino Lourenço, e a jornalista e formadora da Escola Sindical Sul, Vera Gasparetto, falaram sobre “os desafios da formação na consolidação da PNC da CUT”. 

O grande saldo da realização deste encontro foi o início da construção do processo que culminará na consolidação da Política Nacional de Comunicação da CUT no final do ano, com a realização de uma Oficina, prevista para os dias 9 e 10 de dezembro.
Veja, a seguir, as principais propostas aprovadas pelo 4º Enacom.

ENCONTROS ESTADUAIS E REGIONAIS

Os participantes decidiram reproduzir, até o final de 2004, os debates do 4º Enacom em Encontros Estaduais e Regionais de Comunicação, além de implantar nas Escolas Sindicais da CUT cursos de formação com ênfase em comunicação, em 2005. No final do ano, será realizada uma grande oficina nacional para a definição da Política Nacional de Comunicação da CUT.

Ficou decidido também que o Enacom será realizado de dois em dois anos. O próximo, portanto, marcado para 2006, ainda sem mês definido devido as eleições quase gerais marcadas para àquele período e a realização do 9º Congresso Nacional da CUT.

Esses encontros, por suas vezes, deverão ser realizados em preparação ao Encontro Nacional, num processo contínuo e permanente que envolva os sindicatos filiados, tanto nas discussões políticas quanto financeiras, até para a sua viabilização.

Calendário dos Encontros Regionais

Agosto de 2004
Dias 11, 12 e 13 – Escola Sul (Florianópolis, SC)
Dias 25, 26 e 27 – Escola Sete de Outubro (Belo Horizonte, MG)

Setembro
Dias 8, 9 e 10 – Escola Centro-Oeste (Cuiabá, MT)
Dias 15, 16 e 17 – Escola São Paulo (São Paulo, SP)

Novembro
Dias 10, 11 e 13 – Escola Nordeste (Maceió, AL, Teresina, PI, ou Recife, PE)
Dias 24, 25 e 26 – Escola Amazonas (Belém, PA)

Dezembro
Dias 1, 2 e 3 – Escola Chico Mendes (Porto Velho, RO)
Dias 9 e 10 – Oficina Final (sem local definido)

PAUTA DOS ENCONTROS

A Secretaria Nacional de Comunicação da CUT, Secom, deverá debruçar-se sobre uma proposta que paute a realização dos Encontros Estaduais e Regionais, não só para unificar as discussões, mas que leve em consideração a ampliação dos objetivos, ressalte as experiências regionais e crie, efetivamente, uma Rede Nacional Permanente de Comunicação da CUT.

Para elaborar essa “pauta”, a Secom deverá firmar parcerias com universidades que mantenham cursos de imprensa sindical e ou estudiosos na área.

No entanto, uma preocupação levantada pelo 4º Enacom merece atenção: a carência de recursos que algumas CUT Estaduais e ou Escolas Sindicais têm para a realizarem os encontros estaduais e ou regionais. Segundos seus dirigentes, faltam assessores de comunicação, dirigentes liberados, estrutura material (como computadores, internet, telefones e etc). Se essas carências não forem discutidas e resolvidas, as propostas correm o risco de não serem implementadas.

As relações profissionais e militantes entre dirigentes e assessores de comunicação também deverão fazer parte da pauta desses encontros. 

COLETIVOS ESTADUAIS E REGIONAIS

O objetivo da Secom é criar os “Coletivos Regionais e Estaduais de Comunicação” para, no final do ano, ser criado o “Coletivo Nacional de Comunicação da CUT”.

CURSOS

Os cursos que serão ministrados pelas Escolas deverão levar em conta as especificidades de cada público (jornalista e dirigente) ou da região, ressaltando as experiências inovadoras dentro da formação e debatendo as produções, os avanços e as dificuldades. Um pressuposto básico identificado pelos participantes dos 4º Enacom é que “os processos de comunicação e de formação devem ser vistos em conjunto, por todas as instâncias e em todos os trabalhos da CUT. E este conceito deve ser seguido à risca por todos. 

É preciso ter em mente que esses cursos deverão trabalhar o conceito de comunicação sindical, que é, segundo a visão dos participantes do Enacom, completamente diferente da grande imprensa. Questões como a linguagem deverão ser tratadas com atenção. Estimular a capacitação sobre “reportagens” e a utilização de recursos áudio-visuais também deverá ser tema dos cursos.

Os cursos deverão ser uma forma sistemática de formação voltada para os profissionais, incluindo os estagiários, como por exemplo, a história do movimento sindical (e da CUT). 

Por outro lado, deverá também capacitar os dirigentes sindicais que não têm condições de manter assessores de comunicação em seus sindicatos e ou CUT Estadual a darem as mínimas respostas à sua base, com qualidade e eficiência, inclusive utilizando recursos próprios e modernos da comunicação. Por exemplo, como lidar com a grande imprensa e definir o seu papel perante o assessor.

FINANCIAMENTO

Os participantes do 4º Enacom demonstraram preocupação quanto ao entendimento da direção dos sindicatos e da CUT como um todo sobre a comunicação. Para alguns, comunicação, infelizmente, ainda é entendida como gasto e não investimento. Em conseqüência disso, o Enacom aconselha que a CUT deve assegurar pelo menos três pessoas de cada Estado presente nos encontros regionais e a destinar, de uma forma sistemática, um cota de sua arrecadação à comunicação.

Sempre é bom lembrar, uma Política Nacional de Comunicação para viabilizar-se precisa, necessariamente, de investimentos.

MANUAL DE COMUNICAÇÃO

Os participantes demonstraram também preocupação quanto às características e ao conceito do “Manual de Comunicação” ou o nome que venha a ter, aprovado durante os debates. Deve ter orientações gerais para dirigentes e assessores sobre os conteúdos da comunicação sindical. Esse caderno deverá abordar não só a relação do dirigente com o jornalista sindical, mas sobretudo relacionar técnicas básicas para uma comunicação eficiente e eficaz em todos os âmbitos (interno e externo).

PROPOSTAS

Rede de Comunicação

1. Criar as condições para a efetivação de uma Rede Nacional de Comunicação da CUT, com linha editorial definida e com mecanismos de contato próprios, como por exemplo, a implementação de uma Sala de Imprensa, na página da CUT na internet.

2. Aplicar novametne a pesquisa elaborada pela Secom/CUT sobre a realidade da imprensa sindical cutista, a todas as entidades das estruturas vertical e horizontal da CUT. Os resultados servirão para um diagnóstico mais preciso sobre a organização da comunicação sindical.

Melhor utilização dos meios

Logomarca da CUT
3. O 4º Enacom solicitou à Secom que identificasse na página da CUT na internet como as entidades devem utilizar a logomarca da CUT, tal o nível de conhecimento da marca, bem como a credibilidade que tem junto à sociedade. 

Internet
4. Transformar, em um prazo de 90 dias, a página da CUT Nacional na internet num “Portal do Mundo do Trabalho”. Este projeto está sendo discutido junto à Lintec Informática Ltda. Enquanto isso, a Secom deverá reestruturá-la tendo em vista dois objetivos: uma visão mais ampliada para o trabalho de discussão estratégica (formação) e outro mais informativo para o processo do dia-a-dia. 

5. Incluir na página informações sobre as Confederações e Federações da CUT, incluindo a agenda sindical cutista.

6. Criar condições para que a Agência Nacional de Notícias da CUT seja, efetivamente, a grande fonte da Rede de Comunicação, instituindo, por exemplo, subagências estaduais e regionais.

Teleconferências
7. Incentivar e encontrar formas de disseminar o uso da teleconferência como forma de agilizar reuniões, diminuindo drasticamente os custos.

Informacut
8. Retomar a edição diária do Informacut

Rádio
9. Continuar investindo no rádio, principalmente nas rádios comunitárias, aprofundando a parceria com a Rede Brasileira de Rádio e Televisão Comunitários, a ABRAÇO.

Televisão
10. Reafirmar a parceria com a Fisher América na produção do programa “TV CUT”, bem como fazer gestões junto à Rede TV, emissora que leva ao ar o programa, para mudança do horário de exibição e ou discutir a transferência do programa para outra rede de televisão.

Preservação da Memória

CEDOC
11. Iniciar discussão e implementar um programa para a preservação da memória e da documentação sindical. A CUT deverá aprofundar a discussão e colocar em prática as propostas apresentadas pelo CEDOC/CUT, que terá um papel fundamental para contribuir na organização dos arquivos das Estaduais.

Repensar a estrutura

12. Estimular alternativas solidárias, tais como: a utilização conjunta de espaços pagos na grande imprensa; liberação de 1 dia de trabalho dos profissionais de comunicação dos sindicatos para as CUT Estaduais, até a estruturação das respectivas secretarias de comunicação;

13. Que as Estaduais e ou Regionais tenham computadores com acesso à internet via banda larga. 

14. Que a CUT incentive e adote a contratação direta de seus profissionais em detrimento da terceirização que precariza as relações de trabalho.

Capacitação de dirigentes

15. Cursos de capacitação voltados às direções sobre inclusão digital

Alianças estratégicas

16. Priorizar a articulação com outros setores organizados da sociedade para a disputa de hegemonia.

OUTRAS PROPOSTAS

17. A instituição de um Prêmio Nacional de Comunicação da CUT, subdividido em várias modalidades: comunicação eletrônica, impresso, rádio, imagens e etc

18. Realizar uma atividade ligada à Comunicação no Fórum Social Mundial, em janeiro de 2005.

19. A CUT deve participar da luta pela democratização da comunicação, contribuindo para a construção do FNDC e incentivando as CUTs Estaduais e os sindicatos filiados a construir os Comitês pela Democratização da Comunicação nas cidades e regiões.

20. Incentivar e orientar a criação dos conselhos municipais e estaduais de comunicação social.

21. Propor políticas públicas que garantam recursos públicos para viabilização da comunicação comunitária.

22. Disputar projetos estruturais e conceituais no interior do atual governo, visando garantir o comprometimento do Estado com a garantia de acesso da classe trabalhadora aos instrumentos sociais de comunicação.

23. Debater e disputar a política de regionalização da produção audiovisual.

24. Debater e disputar o processo de digitalização dos meios audiovisuais.
 

Antonio Carlos Spis, Secretário Nacional de Comunicação da CUT
José Celestino Lourenço, Secretário Nacional de Formação da CUT

Fonte: Agência CUT


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