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Boletim do NPC
— Nº 87
— De 15 a 31.5.2006
Para
jornalistas, dirigentes, militantes
e
assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
Notícias
do NPC
Quatro
artigos para ajudar a entender a tragédia de São Paulo
Em função
da tragédia que aconteceu na cidade de São Paulo no último
final de semana, o BoletimNPC indica a leitura de quatro artigos
que podem nos ajudar a compreender por que coisas deste tipo acontecem
e nos dar dicas de como lutar para mudar radicalmente uma sociedade que
produz estes fatos.
Boa
leitura
A-
Caldeirão do inferno.
Por Marcos Faerman
Promiscuidade,
violência, tráfico de drogas, corrupção, doenças
e mortes. Se os presídios foram construídos para que os detentos
pudessem se arrepender, corrigir-se e voltar ao convívio social,
a receita estava errada. O resultado não poderia ser pior. Jogados
no caldeirão fervente dos carandirus plantados pelo país
afora, detentos às vezes nem tão perigosos assim iniciam
um curto e eficiente aprendizado. A universidade do crime, sustentada pelos
contribuintes, forma delinqüentes em diversos graus, com aulas práticas
diurnas e noturnas. Escravidão sexual, espancamentos, assassinatos
na madrugada, Aids, solidão e desespero, eis o que compõe
o submundo atrás das grades (...) Uma radiografia dos presídios
brasileiros. Matéria publicada na edição nº 320
de “Problemas Brasileiros”, de março/abril de 1997
B-
À Ordem branca! O que os ataques do PCC nos têm a dizer?
Por Jaime Alves
O maior
ataque criminoso perpetrado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC)
em São Paulo tem muito a nos dizer sobre a crise do sistema de segurança
pública no Brasil, sobre a crise de legitimidade da ação
policial e expõe as fraturas de uma sociedade marcadamente desigual
no acesso de brancos e negros à Justiça e aos bens sociais.
Aqui, a segurança pública sempre foi vista sob a rubrica
da militarização, da brutalidade contra os negros e do combate
aos inimigos internos sob o eco da Ordem. As prisões são
concebidas como depósitos de seres humanos inviáveis. Os
maus-tratos e a tortura foram institucionalizados no imaginário
autoritário da polícia e tornaram-se procedimento -padrão.
Assim se arranca de jovens negros confissão de crimes, se forja
flagrantes baseados na cor da pele, se criminaliza os pobres (...) Em
16 de maio de 2006
C-
Tráfico nada tem de revolucionário.
Por Marcelo Freixo
O tráfico
é uma empresa capitalista das mais eficientes e completamente adaptada
à realidade neoliberal que se instalou no Brasil na década
de 90. É uma empresa concentradora de renda, altamente lucrativa,
que utiliza mão-de-obra barata. É uma empresa que se estabeleceu
num espaço onde ela não tem nenhuma preocupação
com exigências legais ou cobranças de impostos. É uma
empresa com forte produção de alienação do
trabalho, onde a mão-de-obra não tem a menor idéia
do quanto rende a empresa. E o efeito social disso é terrível
(...) Em 15 de maio de 2006
D-
Comunicado sobre os recentes episódios de violência em São
Paulo. Do Centro de Justiça
Global
A Justiça
Global, organização não-governamental de direitos
humanos, expressa sua mais veemente condenação aos atos de
violência que tiveram lugar no estado de São Paulo nos últimos
dias, e também à resposta das autoridades estaduais a esses
atos. Entendemos e nos solidarizamos com a dor dos familiares dos agentes
públicos e de todas as vítimas dos ataques do PCC e com a
fragilidade experimentada por cidadãos que se viram expostos a
ônibus em chamas, explosões, ameaças, falhas em serviços
públicos e a exploração sensacionalista de alguns
órgãos de imprensa (...) Em 17 de maio de 2006
Leia
os textos em nossa página, em www.piratininga.org.br
A Comunicação
que queremos
Agência
Brasil de Fato: uma fonte para os movimentos sociais e seus veículos
O Jornal
Brasil
de Fato está ampliando suas atividades não impressas.
Para isso criou a Agência de Notícias Brasil de Fato, que
disponibiliza na página www.brasildefato.com.br todas as notícias
recebidas e envia para outros veículos dos movimentos sociais. Além
de divulgar como boletim para mais de cem mil destinatários. Os
organizadores pretendem montar uma rede popular de repórteres
—
profissionais e populares —
para fazer circular todas as notícias que interessam à militância
e à organização do povo. Todos que tiverem interesse
devem enviar notícias de seus movimentos ou de suas regiões
para o editor Jorge Pereira (jorge@brasildefato.com.br). Artigos de opinião
também serão aceitos. O Jornal também mantém
convênio com a Agência Notícias do Planalto,
que é especializada em notícias para programas de rádio.
As notícias são transformadas em áudio ou formatadas
para rádio e seguem para 1.200 rádios, comerciais e comunitárias
de todo o país.
Comunicação
Sindical
Sindicato
dos Metalúrgicos de Campinas realiza feira do Livro do Movimento
Operário e Popular
O
Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região está
organizando a II Feira do Livro do Movimento Operário e Popular,
que acontecerá entre os dias 2 e 14 de junho de 2006, na sede central
do Sindicato (Rua Dr. Quirino, nº 572, Centro). A abertura do evento
acontecerá no dia 2, às 19h30. Os interessados em participar
da feira devem entrar em contato pelo telefone (19) 3775-5555 - ramal 212
(Tina) ou pelo e-mail documentacao@metalcampinas.org.br
De acordo
com o Departamento de Documentação do Sindicato, “o objetivo
desta Feira é despertar nos leitores o interesse sobre a história
e cultura dos povos em luta no Brasil e no mundo e fazer deste conhecimento
um instrumento de análise crítica da sociedade para que eles
possam desenvolver ações políticas nos movimentos
sociais, populares e sindicais”. Ainda de acordo com o Sindicato, “o acesso
e a possibilidade de comprar livros com preços promocionais, e o
estímulo à organização de bibliotecas populares
permitirão que lideranças populares e trabalhadores em geral
tenham, por meio da leitura, um instrumento para uma análise crítica
da sociedade.”
Confederação
do Ramo Químico produz vídeo sobre Assédio moral no
local de trabalho
A Confederação
Nacional dos Químicos (CNQ) está divulgando um vídeo
sobre um dos aspectos da velha exploração, hoje, com a nova
roupagem neoliberal. É uma produção muito útil
para discussões e conseqüentes ações sobre este
tema. Reproduzimos o texto de divulgação deste documentário:
“O assédio
moral no trabalho é a exposição dos trabalhadores
e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras,
repetitivas e prolongadas durante a jornada e no exercício de suas
funções. Ele é mais comum em relações
hierárquicas autoritárias, nas quais predominam condutas
negativas, relações desumanas e sem ética de longa
duração, de um ou mais chefes dirigidas a um ou mais subordinado
(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente
de trabalho.
A humilhação
repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador
e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade
e relações afetivas e sociais. Isto ocasiona graves danos
a sua saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade
de trabalhar, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível,
porém concreto, nas relações e condições
de trabalho.
Com as
novas políticas de gestão na organização de
trabalho e que estão vinculadas à globalização
e políticas neoliberais, o assédio moral deverá atingir
duramente aos trabalhadores que, portanto, deverão estar organizados
e aptos a se defenderem”. (Extraido de ‘Assédio Moral no Trabalho
– Chega de Humilhação’)
Para obter
este vídeo visite as páginas www.quimicosunificados.com.br
ou www.assediomoral.org
De Olho Na Mídia
Pô,
Chico, você pisou na bola! E feio.
Em
charge na capa do jornal “O Globo”, o presidente da Bolívia, Evo
Morales, é mostrado ligando para Marcola, insinuando algum acerto
entre eles [Clique
aqui para ver a charge]. Não dá para entender a piada.
Texto de Gilberto Maringoni na Carta Maior
Chico
Caruso é um dos melhores chargistas de todos os tempos em todo o
mundo. É um talento incomparável. A história do Brasil
dos últimos 30 anos fica melhor contada se for acompanhada das charges
desse paulistano de Vila Madalena. Sua entrada na imprensa gerou uma legião
de imitadores, criando um “padrão Chico”, uma espécie de
ISO-9000 de excelência gráfica.
Seus dois
primeiros livros, compilações de seu trabalho cotidiano no
Jornal do Brasil, são memoráveis. “Natureza morta e outros
desenhos” (1979) e “Não tenho palavras” (1980) exibem as personagens
do final da ditadura – Figueiredo, Leitão de Abreu, Golbery etc.
– em flagrantes hilários que câmera alguma conseguiu jamais
captar. Virtuoso do traço e simultaneamente popular, Chico arrebentava.
Em 1984,
nosso herói surpreende novamente. Editou um álbum de pôsteres
– “Pablo mon amour” – no qual combina pinturas de Picasso com sua pena
afiada. Uma caricatura de Adolf Hitler posando nu para o gênio catalão,
enquanto este pintava Guernica, é um ponto everestiano da caricatura
universal.
Como se
diz no interior, tive a honra de organizar um livro no qual estávamos
juntos, na companhia de seu irmão Paulo, além de Laerte,
Claudius, Negreiros, Glauco, Jal e Alcy. A apresentação era
de Luís Fernando Veríssimo e o volume chamava-se “Os filhos
da Dinda” (1992), sobre as desventuras do escândalo PC-Collor.
Ah, ele
é ainda excelente pessoa e papo agradabilíssimo, além
de protagonizar shows musicais de se rir às bandeiras despregadas
com seu irmão e uma banda de cobras.
Pronto,
a bola de Chico está pra lá de cheia (embora ele não
precise disso). Agora vou falar de uma pisada feia que ele deu.
O
Globo ensina “como iludir o povo” através de uma manchete
O
Globo de domingo, 1/05, na página 36 do Caderno de Economia,
nos dá uma bela aula. A manchete “Lula sobre Evo: muita fumaça
e pouco fogo” traduz a vontade do jornal de desqualificar o presidente
da Bolívia, Evo Morales, que estaria dando péssimas lições
para a América Latina, na visão do jornal.
A estrutura
da manchete é simples e direta. Qualquer um, após sua leitura,
vai concluir imediatamente que Evo Morales não é um cara
sério, consistente, confiável. Ele é “muita fumaça
e pouco fogo”. Ou seja, não é lá grandes coisas.
No curto
artigo se vê que não é isso que Lula disse do colega.
Vejamos suas palavras: “Para Lula, a crise com a Bolívia, criada
pelos ataques de Morales à Petrobrás, que ele acusa de manter
atitudes “ilegais”, está encerrada: tinha muita fumaça e
pouco fogo. Tanto o presidente Morales, quanto o do Brasil compreendem
a necessidade de que a única chance que temos de nos desenvolver
é a paz na América Latina”.
Por que
O Globo fez aquela manchete? Correria de fechamento de jornal?
Descuido? Nada disso! Simplesmente porque O Globo e toda a grande
mídia (menos Carta Capital) estão torcendo, junto
com Bush, para fazer desaparecer Evo Morales do mapa. O Globo usa
todo o seu poderio para fazer isso.
Desde
1º de Maio, quando Morales anunciou a nacionalização
do gás, em seu país, toda a mídia de direita ficou
alvoroçada. Toda a mídia burguesa teve ataques de ódio
e nojo contra Morales. E não foi só contra ele... mas também
contra Chávez.
O Globo
e seus congêneres estão certos. É assim que eles todos
agem. É assim que garantem o cimento ideológico para manter
a hegemonia nas mãos dos atuais donos do nosso País. É
por isso que é preciso, mais do que nunca, criar, melhorar, incentivar
a mídia alternativa.
(Por
Claudia Santiago)
Para
entender a disputa de hegemonia travada nos grandes meios de comunicação,
uma boa dica é assistir atentamente aos telejornais e, quem tiver
TV a cabo, à GloboNews. Nesta última, desde as primeiras
horas da manhã são transmitidas lições sobre
o que a empresa chama de atraso. Seja nas reivindicações
dos jovens franceses, seja na defesa soberana do seu subsolo por um país,
como está sendo o caso da Bolívia. Na manhã da última
terça, dia 16, a política de tolerância zero aplicada
na cidade de Nova Iorque é sugerida, em edições seguidas,
como a única solução para o trágico acontecimento
nos últimos dias na cidade de São Paulo. |
|
Bolívia
dividida em dois relembra “A batalha do Chile”, em 1973
No mesmo
O
Globo de 14 de maio, uma reportagem inteligente de Eliane Oliveira,
de La Paz, nos dá uma exata visão da Bolívia dividida
em dois campos. “Esse cenário divide o país entre aqueles
que consideram Morales a única pessoa capaz de adotar medidas concretas
de inclusão social e crescimento econômico sustentado – das
classes mais pobres – e os que criticam o presidente, devido a seu forte
discurso e sua clara parceria com o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Entre os mais céticos estão representantes das classes média
e alta.”
Os depoimentos
relatados são o reflexo fiel deste quadro. De um lado a esperança
dos pobres, do outro o ódio da classe média e alta.
O que
está em jogo, na Bolívia, é a continuidade de 500
anos de uma história de saques e carnificinas feitas desde a antiga
Espanha aos atuais EUA. Está em jogo a continuidade do saque de
suas riquezas naturais: prata, estanho, cobre, salitre e, agora, gás,
ou o começo de uma nova Bolívia nas mãos do seu povo.
Um povo que foi escravizado e esmagado, no fundo das suas minas, para garantir
a alegria e a acumulação de capital nas mãos do capitalismo
europeu.
Sim, a
Bolívia está dividida entre os 90% de índios, explorados
e vendidos durante 500 anos e os 10% que se beneficiaram e se beneficiam
desta situação. Para entender esta divisão e a batalha
atual, na Bolívia, há uma novidade, para o Brasil, nas locadoras
de filmes: “A Batalha do Chile”.
São
três filmes do chileno Patrício Guzmán, que durante
mais de quatro horas reconstróem a tragédia do Chile, país
que tentou seu caminho na construção de um projeto socialista.
No Chile, também, havia uma classe média e alta que queria
impedir qualquer mudança social. E havia os trabalhadores e o povo
pobre que queriam um novo país, justo, livre, independente e socialista.
A Batalha
do Chile, considerado um dos dez melhores filmes políticos da
história do cinema no mundo, é imperdível. É
uma chave para entender a Bolívia de hoje. O filme não é
uma simples aula. É um curso completo de história e política.
(Por
Claudia Santiago)
O
BoletimNPC insiste. Vejam a “Batalha do Chile”. Está é a
terceira vez que tratamos desta obra no nosso informativo. É indispensável
para todos os militantes dos Movimentos Sociais e para os que querem entender
como funciona o mundo.
Dica:
Coloque o primeiro DVD no aparelho numa tarde de domingo por volta das
17h, depois daquela soneca gostosa que sucede a macarronada dominical.
Você vai sair da frente da tela no dia seguinte. Ah! Tem direito
a paradinhas para a merenda. O três filmes mais o disco com os extras
são seis horas de projeção. |
|
Globo
foi desrespeitoso com Lula e Morales
Foi no
mínimo questionável a maneira como os principais sites e
jornais brasileiros registraram o encontro de cúpula que reuniu,
na semana passada, os presidentes da Bolívia, Brasil, Argentina
e Venezuela, para tratar da questão energética no Continente.
Não bastasse a forma distorcida como as notícias sobre os
governos desses países latino-americanos vêm sendo retratadas
pela grande imprensa nacional, a foto que circulou no Globo e outros
jornais e sites brasileiros (e que deu origem a charges igualmente maldosas)
não deixou dúvidas quanto às segundas intenções
dos editores.
Além
de grosseira e desrespeitosa para com os dois chefes de Estado, a foto
que mostra Lula e Evo Moralez juntos, um à frente do outro, não
cumpriu o papel de complementar ou reiterar a informação
principal. Ao invés de noticiar, de forma jornalisticamente correta,
o acordo firmado entre os quatro países no tocante à questão
energética, a foto selecionada tinha o claro intuito de desprestigiar
Lula, com insinuações de duplo sentido.
Ao contrário
dos jornais e sites brasileiros, a imprensa estrangeira optou por informar
(ao invés de deformar), registrando o momento em que os quatro governantes
selaram o acordo, ao final do encontro. Talvez não fizesse mal aos
coleguinhas brasileiros dar uma olhada nas edições do francês
Le
Monde, do espanhol El Pais e do chileno El Clarín
(para citar alguns exemplos), e fazer uma comparação com
as edições nacionais. Nunca é tarde para aprender
a informar com respeito aos fatos e ao leitor.
(Por
Lígia Coelho)
Democratização
da Comunicação
Videoconferência
articula mobilização nacional por um sistema democrático
de rádio e TV digital
Uma série
de mobilizações em todo o país: essa foi a principal
deliberação da videoconferência da Frente Nacional
por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital, realizada
nesta quinta-feira (11/5). O encontro se deu por meio do sistema Interlegis,
que conecta as assembléias legislativas dos estados, e contou com
a participação de militantes do Rio de Janeiro, Pernambuco,
São Paulo, Brasília, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará,
Maranhão, Rio Grande do Norte e Tocantins.
Porto
Alegre sedia debate pela democratização da comunicação
O Fórum
Nacional pela Democratização da Comunicação
(FNDC) realizou no dia 9 de maio, em Porto Alegre, a terceira edição
de uma série de eventos para discutir a digitalização
das comunicações no país. Nos meses de fevereiro e
março, os Seminários Locais FNDC 2006 ocorreram em São
Paulo e no Rio de Janeiro.
A secretária-executiva
do Fórum, Berenice Bezerra, informou que a idéia é
levar a discussão a todas as capitais do país. Na avaliação
da coordenadora, é fundamental que a sociedade participe dos debates
sobre o processo de implementação da TV digital no país.
Segundo ela, independentemente do padrão a ser definido, é
importante que o interesse público esteja em primeiro lugar.
Berenice
observou que, sob o ponto de vista técnico, a adoção
por qualquer um dos modelos que atualmente estão em discussão
no país - o japonês, o americano ou o europeu - implica aspectos
positivos e negativos. “Todos são novos e estão sendo desenvolvidos.
Então, qual é o melhor para o Brasil? É aquele que
traga desenvolvimento, gere conhecimento, fortalecimento da nossa indústria,
emprego, que possibilite que a gente não fique dependente de uma
tecnologia de outro país, de maneira que a gente possa participar
pelo menos com parte dos componentes fabricados aqui”, defendeu.
(Por
Kátia Marko)
NPC Informa
O
jornalista Ignacio Ramonet lança biografia de Fidel Castro
“Fidel
Castro: biografia em duas vozes”, livro do jornalista do Le Monde Diplomatique,
Ignacio Ramonet, está sendo lançado na Espanha e será
publicado no Brasil, pela Boitempo, em agosto – mês em que o presidente
cubano completa 80 anos. Resultado de cem horas de entrevista, feitas entre
janeiro de 2003 e dezembro de 2005, o livro faz uma retrospectiva da trajetória
da vida pessoal e política de Fidel, e traz revelações
como a confirmação da indicação de seu irmão,
Raul Castro, para seu sucessor, e a intenção de Cuba de enviar
dois aviões para resgatar Hugo Chávez durante o fracassado
golpe de Estado venezuelano de 2002. A edição brasileira,
traduzida pelo cientista político Emir Sader, terá apresentação
de Fernando Moraes e um amplo caderno de imagens, muitas delas inéditas.
“Elite
da Tropa” retrata o combate diário nas grandes cidades
No dia
23 de maio, às 19h, Luiz Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel e André
Batista lançam, no Rio de Janeiro, o livro “Elite da Tropa” (rua
Gen. Severiano, 97, Loja 108 – Botafogo). A publicação tem
como proposta mostrar o ponto de vista do policial, seus hábitos,
medos e desafios no exercício de sua profissão, nas grandes
cidades. A partir de experiências reais, os autores criaram uma ficção
vertiginosa ao mostrar o cotidiano de homens adestrados para se transformarem
em cães selvagens. Segundo os autores, o policial pratica a brutalidade
extrema, porque não se sente regido pela legalidade constitucional,
mas pelo imperativo da guerra. “Elite da Tropa” é uma narrativa
de ficção, onde fatos e cenários foram reescritos
em parte ou no seu todo. Todos os lugares e pessoas têm nomes fictícios,
para que suas identidades sejam preservadas.
Novo
número de Comunicação&Política
Para
comprar o novo número da revista Comunicação&Política,
editada há 24 anos pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos
(Cebela), ligue para (21) 2233-2966 ou acesse www.cebela.org.br
Encontro
Paulista dos Estudantes de Comunicação
Será
nos dias 26, 27 e 28 de Maio, em Bauru, no interior de São Paulo,
o Encontro Paulista dos Estudantes de Comunicação Social
– 2006. Os organizadores pretendem estimular a reflexão acerca de
questões que envolvem a Comunicação e suas implicações
na sociedade. Segundo nota distribuída à imprensa, “é
uma construção coletiva concebida a partir da iniciativa
da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social
– ENECOS - que, por meio do movimento estudantil, de leituras, pesquisas
e discussões, organizaram-se no sentido de aprofundar o conhecimento
teórico-prático acerca da comunicação.” Informações:
www.epecom2006.v10.com.br, ou pelo e-mail: epecom.2006@gmail.com
Contatos:
Natália
Barrenha (Unesp-Bauru) : (19) 9767-7184
Guilherme
Jeronymo (USP-SP) : (11) 7311-4779
Maíra
Gomes (Unisantos) : (13) 9113-3798
Fábio
Nassif (PUC-SP) : (11) 9577-6147
Dois
documentários atuais e úteis sobre a Bolívia
O gás
da Bolívia é tema de todas as rodinhas de amigos. A direita
quer pegar um gancho com os fatos para reafirmar sua visão contra
o Estado, contra as nacionalizações, a favor de qualquer
privatização e sempre disposta a abaixar a cabeça
frente à vontade do império norte-americano. A maioria da
esquerda se inflama com o tema por muitos aspectos e alguns fazem suas
restrições a aspectos da política de Morales. Para
qualquer um, estes dois filmes de Carlos Pronzato são instigantes.
Para a direita servem para passar raiva. Para a esquerda, para refletir.
O filme
mais atual é “Bolívia, a guerra do gás”, de 2003,
porém mais atual do que nunca. O segundo é do ano passado,
“Viva Bolivia - Evo Presidente”. Pronzato, argentino radicado na Bahia
que trabalha com filmes para o movimento sindical e popular, viveu meses
na Bolívia e é um militante de esquerda. Seus documentários
sobre Canudos e sobre a revolta dos estudantes em Salvador (A revolta
do Buzu) receberam vários prémios em vários países.
Para conseguir cópia destes documentários entrar em contato
com o diretor: cpronza8@yahoo.com.br ou pronzato@bol.com.br e
(71) 3345-1268 / 9137-8935
Longa-metragem
retrata a Guerrilha do Araguaia
“Araguaya,
a Conspiração do Silêncio”, primeiro filme de ficção
de Ronaldo Duque, vai ser lançado dia 26 de maio em Brasília,
Rio de Janeiro e São Paulo. Pré-estréias poderão
ser conferidas no dia 23 de maio, às 21h, no Cine Academia de Tênis
de Brasília, e no dia 25 de maio, às 21h, no Cinema Odeon
BR, no Rio de Janeiro.
O exército
brasileiro no auge da ideologia da segurança nacional, um partido
de esquerda dissidente, militantes aguerridos (a maioria deles ainda jovens
e inexperientes), inocentes camponeses e uma região onde a ambição
e a miséria disputavam lugar palmo a palmo. Esse é o cenário
de Conspiração do Silêncio, longa metragem de
ficção baseado em extensa pesquisa empreendida pelo realizador
e roteirista Ronaldo Duque sobre a Guerrilha do Araguaia, um dos episódios
mais importantes de nossa história contemporânea.
O filme
é narrado a partir da personagem do Padre Chico, um religioso francês
que chegou à região no início dos anos 60. A profunda
identidade de Padre Chico com as pessoas da região, associada ao
seu sentimento religioso e dúvidas existenciais, permitem abordar
esse momento histórico com grande liberdade, evitando o risco de
produzir uma “versão oficial” da história. O filme recebeu
o Prêmio Especial do Júri, em 2004, no 32º Festival de
Gramado - Cinema Brasileiro e Latino.
Bafafá
lança concurso de Fotografia
O Jornal
Bafafá 100% Opinião lança o seu 1º Concurso de
Fotografia. O tema desta primeira edição é “Imagens
inéditas do Rio de Janeiro”. O objetivo é incentivar o clique
de ângulos diferentes da Cidade Maravilhosa. O concurso é
aberto para fotógrafos profissionais e amadores. Os concorrentes
podem inscrever até três fotografias que serão julgadas
pelos fotógrafos Custódio Coimbra, Michel Filho e Fernando
Rabelo.
O vencedor
receberá R$ 300,00 em serviços fotográficos do Laboratório
All Photo. As inscrições vão até dia 30 de
junho e devem ser feitas exclusivamente pelo correio através do
seguinte endereço: Rua do Russel, 724 - Glória - 22210-010
- Rio de Janeiro. O resultado com os vencedores e agraciados com certificados
de participação será divulgado nas edições
impressa e on line do Jornal Bafafá de julho de 2006. Confira o
regulamento no site www.bafafa.com.br
ONG
Ler & Agir lança o jornal Falacarioca
No dia
28 de abril, a ONG Ler & Agir lançou o jornal Falacarioca. Além
de integrantes da organização, jovens do Horto Florestal/Jardim
Botânico (zona sul do RJ), Vilar Carioca e Nova Cidade/Campo Grande
(zona oeste do RJ) são responsáveis pela redação.
O objetivo é estimular os jovens a expressarem suas leituras de
mundo e escrita. Além de falar de suas realidades vinculadas à
realidade da cidade, do país e do mundo.
A Ler
& Agir, nos seus cinco anos de atuação, percebeu a necessidade
de se falar das histórias de formação das comunidades
dos subúrbios, periferias e favelas do Rio de Janeiro. Assim como,
de outras comunidades que são permanentemente ameaçadas de
deslocamentos compulsórios na cidade. Segundo a ONG, “busca-se,
assim, combater o esquecimento histórico de formação
comunitária que muitas vezes são consideradas "invasoras",
desprovidas de história e de sua construção pelos
próprios moradores”. Este resgate histórico é feito
pelos moradores jovens, na interação com os mais velhos.
O jornal
tem como seções permanentes a memória popular e luta
pela terra (resgate da história de formação das comunidades
do Horto e de Vilar Carioca); Mídia faz Média;
Educação
(A escola pública vista pelos alunos); Sobre Mulheres... e Homens;
O que é Ser cidadão; Questões Ecológicas; Arte
e Cultura Popular; Experiências dos Valores sociais; Observando-se
a Si Mesmo.
Por Dentro da Universidade
IV
Encontro Nacional de História da Mídia está com inscrições
abertas
As inscrições
já estão abertas para os interessados em participar do IV
Encontro Nacional de História da Mídia, que terá como
tema central “A revisão crítica dos 300 anos de censura”.
O evento acontecerá de 30 de maio a 2 de junho, em São Luís.
“Censura à Mídia no Brasil, 1706-2006”, “A luta pela liberdade
de expressão na mídia emergente” e “Mídia Regional,
Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação"
são algumas das temáticas das palestras.
As inscrições
podem ser feitas até o dia 29/5, ao custo de R$ 80,00 para profissionais
e R$ 40,00 para estudantes. O evento, que tem a promoção
da Rede Alcar, é coordenado pela Associação Maranhense
de Imprensa, em parceria com o Centro Universitário do Maranhão
(Uniceuma), Faculdade São Luís e Universidade Federal do
Maranhão (UFMA). Outras informações no site www.redealcar.net
Revista
Margem Esquerda 7 é lançada com conferência de István
Mészáros
A revista
Margem
Esquerda começa seu quarto ano de vida discutindo os dilemas
da esquerda brasileira no último ano do governo Lula e diante de
um novo ciclo eleitoral. A revista foi lançada com uma conferência
do filósofo húngaro István Mészáros
na USP, no dia 10 de maio. O artista Luiz Arthur Piza ilustra a revista
com suas gravuras inspiradas em fatos jornalísticos, como as torturas
na prisão de Abu-Ghraib e a violência nas cidades brasileiras
Margem
Esquerda nº 7 traz ainda uma homenagem a Apolônio Carvalho,
em texto de Jacob Gorender sobre sua participação na Guerra
Civil Espanhola.
De Olho Na Vida
Evento
na UFRJ abre espaço para reflexão sofre de transtorno mental
A rotina
no
Centro de Tecnologia da UFRJ foi quebrada na tarde de segunda-feira, dia
8. Starlet dançava solta e frenética pelos corredores, ao
som dos versos de Raul Seixas entoados pela banda Fantásticos: “Controlando
a minha maluquez / Misturada com minha lucidez / Vou ficar... Ficar com
certeza maluco beleza” (...). Starlet é o nome “artístico”
de Rosiléia da Motta, que, como parte dos músicos da banda,
é usuária do Instituto Municipal de Psiquiatria, Nise da
Silveira.
O Caia
nesta Loucura marcou o mês dedicado à luta antimanicomial.
Na ocasião foi assinado um convênio com o Ministério
da Saúde que fortalece a rede de projetos de iniciativas de geração
de trabalho, renda e inclusão dos portadores de transtorno mental.
A Incubadora de Cooperativas Populares da Coppe (UFRJ) organizou o evento.
Além de oficinas sobre formação, técnica de
vendas e qualidade, e de debates, grupos de clientes de 20 centros de atenção
psicossocial do Rio de Janeiro apresentavam seus trabalhos.
Em
sintonia com a diversidade
Uma das
barraquinhas exibia produtos feitos com sementes nativas da Amazônia.
Era do Projeto Patoá, que atende aos usuários dos centros
de psiquiatria da Zona Oeste. O Centro Artur Bispo do Rosário criou,
em março de 2002, o Arte, Horta & Cia, que funciona dentro da
antiga Colônia Juliano Moreira, com trabalhos de culinária,
bijuterias e velas decorativas.
Os músicos
do grupo Fantásticos são participantes de projetos como a
Editora Encantar-te e da Escola de Informática e Cidadania, do Instituto
Nise da Silveira.
Gonçalo
Guimarães, coordenador da Incubadora, explica que há 10 anos
trabalha com cooperativa de usuários da rede de saúde mental
e que há cerca de 70 projetos sendo desenvolvidos no Rio de Janeiro.
“Com os projetos de inclusão, os usuários são menos
internados, aumenta a auto-estima e o uso de remédios diminui estupidamente”,
afirma Gonçalo.
(Por
Regina Rocha)
Proposta de Pauta
Estado
abriu mão de cumprir a lei e de construir alternativas, diz especialista
“A crise
que hoje se alastra por São Paulo, Bahia, Paraná e Mato Grosso
na verdade é reflexo da falta de prioridade, da falta de políticas
públicas e de uma mentalidade conservadora e inconseqüente
do Poder Judiciário”. A opinião é do professor de
História Marcelo Freixo, ex-coordenador da Comissão de Direitos
Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro e membro do
Centro de Justiça Global.
Um dos
maiores especialistas em sistema carcerário do País, Freixo
diz: “O governo paulista não perdeu o controle das prisões
neste fim de semana. Na verdade, há muitos anos o Estado abriu mão
de cumprir a lei e de construir alternativas para a crise do sistema penitenciário,
que já esperávamos que explodisse a qualquer momento. De
1995 a 2003, a população carcerária do Brasil cresceu
93%. São Paulo tem hoje mais de 140 mil presos, o dobro de toda
população carcerária da Argentina. A Lei de Execução
Penal brasileira é uma das mais avançadas do mundo. Porém
também é a mais descumprida dentro do Brasil. A distância
entre o Brasil real e o Brasil legal atinge níveis dramáticos
dentro das prisões. Não são leis mais rígidas,
prisões piores e polícia mais violenta que vão nos
dar a solução para esse problema. Precisamos ter a coragem
e a responsabillidade de garantirmos os instrumentos que possam fazer valer
o que a lei já nos garante. Não são novas leis e sim
a possibilidade de cumprir as já existentes o grande desafio que
se coloca à nossa frente”.
Saiba
mais sobre o Centro de Justiça Global na página www.global.org.br
Imagens da Vida
Foto de Vinícius
Souza e Maria Eugênia Sá
Apesar
da hanseníase ter cura e dos ex-doentes não mais transmitirem
a doença, cerca de cinco mil brasileiros continuam estigmatizados
vivendo nos antigos leprosários. A matéria correspondente
à foto está em nossa página, em www.piratininga.org.br
Memória dos
Trabalhadores
“Revés
do Avesso” faz edição especial sobre a Oposição
Sindical Metalúrgica de São Paulo
Está
nas livrarias especializadas a revista paulista “Revés do Avesso”,
com uma recuperação histórica de uma das principais
experiências de trabalho operário e sindical que marcou as
décadas de 70 e 80, em São Paulo. São 16 artigos,
escritos pelos atores daquela época, sobre a origem, as lutas e
o significado desta rica experiência da classe trabalhadora nas duas
décadas que tanto marcaram os rumos dos trabalhadores do País.
A década da agonia da ditadura militar com a explosão das
greves metalúrgicas em São Bernardo e em São Paulo
e a década do nascimento da CUT e do recorde mundial de greves,
de 1980 a 1990.
Nas duas
situações a Oposição Sindical de São
Paulo teve um papel determinante, analisado de maneira completamente diferente,
dependendo do ponto de vista e de onde as pessoas se situavam, naquela
época e se situam, hoje. É uma publicação do
O CEPE (Centro Ecumênico de Pesquisas e Estudos). Solicitações
de exemplares podem ser feitas nos endereços:pometropolitana@ig.com.br;
Rua Wenceslau Brás, 78, sala 103, (Sé) - Fone: 3106-5531
ou cepe.ft@globo.com, Centro Ecumênico de Publicações
e Estudos (CEPE): Praça da Sé, 158, 7º andar,sl 701
- cep:01001-000 - São Paulo - fone: 3241-4711.
Maré
recebe o primeiro museu em favelas do Rio de Janeiro
Foi inaugurado
no dia 8 de maio na Casa de Cultura da Maré, no Rio de Janeiro,
o primeiro museu em favelas da cidade, o Museu da Maré. A instituição
foi criada com um propósito interativo, onde o público participa
a cada visita, dando sugestões e contribuições para
o acervo e também para mostrar aos visitantes a grande diversidade
cultural do Rio de Janeiro. A iniciativa é da Rede Memória
do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré
(CEASM), com o apoio do Ministério da Cultura. Está na agenda
de comemorações de 2006, Ano Nacional dos Museus. No mesmo
dia foi lançada a Semana de Museus 2006.
O acervo
do Museu da Maré conta com fotografias, documentos escritos, objetos
do cotidiano dos moradores da favela e objetos históricos, doados
por familiares de moradores já falecidos. Para o público,
o museu será uma experiência inovadora, pois o projeto não
é pautado por uma concepção tradicional de exposições
prontas e acabadas das quais o público não participa. O acervo
do museu está em construção permanente.
O projeto
integra os pontos de cultura do Programa Cultura Viva/MINC. A Casa de Cultura
da Maré fica na Av. Guilherme Maxwell, 26 – Maré (em frente
ao SESI). Tel.: (21) 3868.6748.
Personagem da edição
Karl
Marx (Trier, 5 de maio de 1818
- Londres, 14 de março de 1883)
“(…)
daß die Emanzipation der Arbeiterklasse durch die Arbeiterklasse
selbst erobert werden muß”
.Na
nossa língua:
“(…) que a Emancipação
da Classe Trabalhadora deverá ser obra da própria Classe
Trabalhadora”
(Estatuto
Provisório da Associação Internacional dos Trabalhadores,
outubro de 1864)
“Para levar
a um bom fim as idéias, é preciso homens que coloquem em
jogo uma força prática”. Pela palavra e pela ação,
Karl Marx, que nasceu no dia 5 de maio de 1818, ou seja, há 188
anos, na cidade alemã de Treves, construiu uma obra que influenciaria
profundamente o pensamento e a vida de milhões de homens e mulheres
ao longo dos dois últimos séculos. “Ser radical é
tomar as coisas pela raiz. E para o homem, a raiz é o próprio
homem”.
Como referência
para movimentos sociais, políticos e culturais, foi um homem que
viveu com coerência os desafios de seu tempo. “A história
de todas as sociedades até hoje é a história da luta
de classes”.
Sempre
ligado às lutas da classe trabalhadora, foi perseguido e condenado
ao exílio na França, onde conheceu aquele que seria seu grande
parceiro e amigo, Friedrich Engels. “Os homens fazem sua própria
história, mas não a fazem como querem: não a fazem
sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob aquelas com que se defrontam
diretamente, ligadas e transmitidas pelo passado”.
Mesmo
vivendo com parcos recursos financeiros, produziu uma obra que, até
os dias de hoje, se afirma como um referencial para o pensamento de político,
filosófico e econômico. “A crítica não arranca
das cadeias as flores ilusórias para que o homem suporte as sombrias
e nuas cadeias, mas para que se desembarace delas e brotem flores vivas”.
E por
compreender que o capitalismo se constituiu como um fenômeno mundial,
via sua superação a partir da união dos que defendem
os valores da solidariedade, da liberdade e da igualdade na luta contra
a exploração e a alienação capitalista e pelo
socialismo. “A burguesia...fez da dignidade pessoal um simples valor de
troca e, no lugar de um sem-número de liberdades legítimas
e duramente conquistadas, colocou a liberdade única, sem escrúpulos,
do comércio”.
Penso
que melhor do que falar do homem Marx, neste período do seu aniversario
devemos aproveitar para refletir sobre alguns de seus pensamentos, de forma
criativa e não dogmática, buscando a coerência entre
o pensamento crítico e a ação transformadora, pois
“A emancipação dos homens será obra dos próprios
homens”.
(Por
Renato Lima)
De Olho No Mundo
Governo
Bush ameaça imprensa com leis mais duras
A relação
entre o atual governo federal dos EUA e a imprensa americana sempre foi
tensa, mas agora está se tornando perigosa. Pelas regras informais
que guiaram por muitos anos as relações em Washington, o
vazamento de informações governamentais era algo considerado
corriqueiro, carregado de riscos toleráveis para funcionários
do governo e, na pior das hipóteses, implicava na possibilidade
de intimação de jornalistas pela divulgação
da identidade de suas fontes confidenciais.
A administração
Bush, ao contrário, tem colocado pressão na imprensa como
nunca visto antes, e dá sinais de que pretende tratar o problema
dos vazamentos de informações confidenciais como questão
judicial. Apenas no último ano, uma repórter do New York
Times foi presa por se recusar a testemunhar sobre sua fonte confidencial;
esta fonte, um funcionário da Casa Branca, foi posteriormente identificada
e processada sob acusações de mentir à Justiça;
uma analista da CIA foi demitida por contatos não-autorizados com
jornalistas; e diversas intimações foram emitidas obrigando
repórteres a testemunhar perante um grande júri.
Há
pouco tempo, o FBI passou a reclamar a entrega de documentos confidenciais
adquiridos pelo jornalista investigativo Jack Anderson, morto em dezembro
do ano passado, ao longo de sua carreira. O Bureau alega que, pela lei,
nenhuma pessoa física deve possuir documentos confidenciais conseguidos
ilegalmente. Nada de concreto foi feito ainda, mas funcionários
do governo têm citado, em declarações públicas
e documentos judiciais, a existência de leis que permitem a abertura
de processos criminais contra jornalistas. Não há indicação
de que alguma decisão pontual do gênero tenha sido tomada.
Ainda assim, o governo federal e seus aliados dizem que todos os caminhos
devem ser explorados para garantir que informações vitais
para a segurança nacional não caiam nas mãos dos inimigos
da nação.
Pérolas da
edição
“Com
tantas pessoas perdidas, chorar pelas coisas seria desrespeitar a dor”
Eduardo
Galeano (em meio à ditadura argentina)
“É
melhor atirar-se à luta, mesmo correndo o risco de perder tudo,
do que permanecer estático como os pobres de espírito, que
não lutam mas que também não vencem. Que não
conhecem a dor da derrota, mas que não têm a glória
de ressurgir dos escombros. Estes pobres de espírito, no final da
jornada na Terra, não agradecerão a Jah por terem vivido,
e sim pedirão desculpas por terem simplesmente passado pela vida”
Bob
Marley
Nova entrevista
em nossa página
Um
homem é um homem
Grupo
mineiro monta Brecht e denuncia Bush e aliados. De quinta a domingo, às
19h30, no teatro Carlos Gomes, até 4 de junho. Por Stela Guedes
Caputo
Foto de Guto Muniz
O país
imaginário é Urbequistão, em cuja capital Dagbá
estão aquartelados cem mil soldados ocidentais, em uma guerra preventiva.
Essas são as principais circunstâncias que vão transformar
o pacato carregador Galy Gay em uma máquina de matar. O Grupo Galpão
está no Rio até o dia 4 de junho para a temporada do espetáculo
“Um homem é um homem”, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht,
com direção de Paulo José, também responsável
pela livre adaptação da obra. A 16ª montagem do grupo
mineiro vem bem a calhar, não só porque denuncia Bush, Blair
e aliados em sua ensandecida invasão e guerra ao Iraque, mas também
porque marca o cinqüentenário da morte de Brecht (14/8/1956).
Na entrevista que segue, concedida pouco antes de mais uma apresentação,
atores do grupo falam da experiência de fazer um espetáculo
brechtiano.
Leia
em nossa página, em www.piratininga.org.br
Uma poesia para
você
Apresentação
da Gorda Fome
De:
Marcelo Mário de Melo
A fome
sorri com dentes de ouro.
A fome
se veste com roupas de seda.
A fome
possui brilhantes nos dedos.
A fome
já fez reengenharia.
A fome
possui qualidade total.
A fome
já vive a globalização.
A fome
alimenta trezentas tribunas.
A fome
fomenta seiscentos projetos.
A fome
tem manhas e ri das campanhas.
A fome
dá lucros & faz Companhias.
A fome
é porteira de currais e votos.
A fome
e parteira de cortiço e culto.
A fome
é letrada: tem biblioteca.
A fome
é avançada: não tem preconceitos.
A fome
não tem pudor nem remorso.
A fome
possui sede de vampiro.
A fome
é gulosa e mastiga ossos.
A fome
devora esperança e carne.
A fome
é antiga e é pós-moderna.
A fome
não tem ferida na perna.
A fome
é robusta e diz que é eterna.
A fome
apresenta um projeto histórico coerente e conseqüente.
A fome
não se aproxima da classe dominante.
A fome
é rigorosamente classista e se apóia na aliança operário-camponesa.
A fome
é democrática e popular e inclui os excluídos.
A fome
fez opção preferencial pelos pobres.
A fome
faz trabalho de base na periferia.
A fome
não tem nenhuma simpatia pela classe média,
sempre
apertando o cinto e nunca morrendo de fome.
A fome
detesta nutricionistas e necrófilos.
A fome
é contrária às vendas a crédito de produtos
alimentícios.
A fome
possui intelectuais orgânicos e agônicos pára-quedistas
e surfistas.
A fome
compromete sua agenda com penitenciárias e prostíbulos.
A fome
adora crianças e mendigos.
A fome
se alimenta mais de três vezes por dia com sucos sobremesas e muitos
lanches.
A fome
é gorda.
O faminto
é magro.
Cartas
Impunidade
e violência continua vitimando trabalhadores rurais
Prezad@s
amig@s, sou Toninho Ribeiro, agente de pastoral da CPT (Comissão
Pastoral da Terra) da Prelazia do Xingu, e gostaria de receber, em nome
de nossa equipe CPT, o Boletim do NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação).
Aqui na região da Transamazônica e Xingu procuramos contribuir
com a luta da classe camponesa pela conquista da terra, contra a impunidade
e violência que continua vitimando trabalhadores do campo e cobrando
do governo federal ações que viabilizem a reforma agrária
além de construir estratégias, com entidades parceiras, para
enfrentamento do latifúndio e do agro negócio. No aguardo
de uma resposta positiva, subscrevo-me. Respeitosamente, Toninho Ribeiro
Novos artigos em
nossa página
Presidente
do Sindijor/SE é processado por artigo em defesa da liberdade de
imprensa. Por Sindicato dos Jornalistas de Sergipe
Uma coincidência
macabra. Exatamente no dia 3 de maio, quando é lembrado o Dia Mundial
da Liberdade de Imprensa, quando a Fenaj (Federação Nacional
dos Jornalistas) lançou o relatório "Violência e Liberdade
de Imprensa no Brasil", produzido a partir de um levantamento feito pela
Comissão de Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da entidade
e quando o presidente da República, Luís Inácio Lula
da Silva assina uma declaração internacional sobre
o tema, José Cristian Góes, presidente do Sindijor/SE - Sindicato
dos Jornalistas no Estado de Sergipe - é notificado por um oficial
de Justiça de um processo de interpelação da 4a Vara
Criminal do Estado, movido pelo Sinertej - Sindicato das Empresas de Rádio,
TV, jornais, revistas e sites de Sergipe.
A ação
judicial foi motivada justamente por ele escrever um artigo sobre a
liberdade de imprensa, publicado no Jornal do Dia e no portal da
Infonet, onde os jornalistas eram convidados para participar de um ato
do sindicato em lembrança dos 30 anos do assassinato, pela ditadura
militar, do jornalista Valdemir Herozg. O ato ocorreu em Aracaju
no dia 25 de outubro de 2005. O artigo-convite de Cristian Góes
é datado de 20 de outubro, cinco dias antes, mas a notificação
do processo criminal só chegou no dia 3 de maio de 2006, Dia
Mundial da Liberdade de Imprensa. Cristian tinha que apresentar sua
defesa na 4a Vara Criminal em 48 horas e a fez no prazo.
A
mídia brasileira está cada vez mais venezuelana.
Por Gilberto Maringoni
No episódio
da nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos, mídia
queria sangue. Como os fatos desmentem sua conduta, o problema, para a
revista Veja, a Folha e o Estadão, está com os fatos.
Sindicatos
“buscam identidade”, diz jornalista.
Por Patrícia Fagueiro
“Quem
diz que os sindicatos estão mortos, deveria acompanhar um. Por conta
do neoliberalismo, os sindicatos buscam hoje uma identidade, mas não
morreram”. Quem faz a afirmação é Rosângela
Ribeiro Gil, jornalista que há 21 anos se dedica ao jornalismo sindical.
A experiência não só a tornou conhecedora do “mundo
do trabalho” (como ela designa os movimentos sindicais), como a fez participar
de momentos inesquecíveis e emocionantes.“Eu gosto da luta operária.
É mais que uma profissão, é a minha causa, me vejo
como parte integrante”.
Movimento
dos Sem-Terra, idéia e objeto.
Por Marcio Lorin
Há
um esforço por parte da imprensa em relacionar movimentos sociais
ao atraso. Não é raro assistirmos ou lermos reportagens
sobre a ação de movimentos ou mobilizações
sociais associados à idéia de resistência ao avanço
técnico e ao progresso. Um conceito forjado na cabeça pela
repetição de centenas e milhares de notícias carregadas
de ideologia que, segundo Marilena Chauí, é um mascaramento
da realidade social que permite a legitimação da exploração
e da dominação. Por intermédio dela, tomamos o falso
por verdadeiro, o injusto por justo.
Pesquisa
revela a (des)confiança na mídia.
Por Venício A. de Lima
No Dia
da Imprensa, ao assinar solenemente a Declaração de Chapultepec,
o presidente da República reafirmou aos empresários da grande
mídia seu compromisso com a liberdade de imprensa, lembrou a responsabilidade
proporcional ao seu poder que jornais e jornalistas devem ter, e manifestou
sua confiança na sabedoria e no discernimento da população
em relação às notícias veiculadas pela mídia.
(maio/2006)
Pautar
a comunicação na perspectiva dos trabalhadores.
Por Valdisnei Honório Alves
Pautar
a comunicação transversalmente na relação com
as práticas sociais da maioria da sociedade brasileira e, em particular,
na vida cotidiana dos indivíduos, deve ser uma atividade permanente
das representações sociais, culturais e políticas
dos trabalhadores. Ela envolve todos nas suas relações
de gênero, de etnia, de moradia, de trabalho, de lazer, de
estudo, de vivências familiares e comunitárias e nas redes
sociais que tecem se produzindo como sujeitos históricos, mediando
assim as contradições do sistema capitalista, as diferenças
sociais e a diversidade cultural, historicamente geradas e manifestas nos
modos como se estruturam a vida material e a subjetividade social, próprios
deste sistema e de sua civilização desumana.
Carta
distribuída no seminário “TV Digital: Futuro e Cidadania”
no Congresso Nacional. Brasília, 16 de maio de
2006
Diante
da possibilidade do anúncio pelo governo federal da tecnologia a
ser adotada no processo de digitalização da televisão
no Brasil, a Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio
e TV Digital, vem a público manifestar seu repúdio
à forma como tem sido conduzido o processo de escolha do padrão
pelo governo federal.
Modelo
brasileiro de rádio e TV digital no Brasil: realidade ao alcance
de todos. Por Profª Eula D. Taveira Cabral
As associações
de rádio e de TV, as emissoras, a sociedade civil, cada cidadão
precisa entender a importância da digitalização no
país e não se deixar levar por histórias contadas
na mídia e nem por pressas do governo brasileiro. Implantar a TV
e o rádio digital em qualquer país leva tempo – não
acontece de uma hora para outra.
Qualidade
na comunicação: moda ou necessidade? Por
Profª Eula D. Taveira Cabral
Nos últimos
dias, ouve-se falar na mídia e nos eventos científicos sobre
a importância da qualidade na comunicação. Programas
exibidos na mídia são focos de análise do cidadão
comum e do cientista. Mas, será que essa mudança em prol
de se exigir o melhor para a sociedade brasileira é moda ou necessidade?
Será que houve um despertar em prol de se proporcionar o melhor
a todos?
O
MST é solidário com o jornal Brasil de Fato. E você?
O MST,
nesta edição especial, quer compartilhar com você as
preocupações em construir a comunicação como
ferramenta de educação popular e de organização
dos trabalhadores e trabalhadoras. O Jornal Brasil de Fato é uma
das formas de materializar essa proposta. Socializamos abaixo uma carta
da equipe editorial do jornal e pedimos o seu empenho nesta causa, tão
justa quanto o ato de ocupar um latifúndio.
Os
dois lados da moeda notícia. Por Vinicius
Souza e Maria Eugênia Sá
Vivemos
a era da comunicação. Todas as notícias do mundo inteiro,
bibliotecas completas, o saber acumulado por gerações estão
à distância de um simples clique. (...) praticamente qualquer
pessoa em qualquer lugar pode divulgar mundialmente informações
sobre o que acontece em sua comunidade, em seu campo de estudos, em sua
vida. Mas se as fontes são tão ricas e variadas, por quê
os noticiários acabam tão iguais? (maio de 2006)
Os
interesses nacionais. Por Flávio Aguiar
Dá uma certa náusea
ouvir o vozerio na mídia dos que pedem medidas drásticas
contra o governo (e o povo) da Bolívia, a grita para que o governo
brasileiro aja “com frieza empresarial”, para que defenda “os interesses
nacionais”. Evo Morales é um presidente de palavra: fez o que disse
que ia fazer.(maio de 2006)
Boletim do Núcleo
Piratininga de Comunicação
Rua Alcindo Guanabara, 17,
sala 912 - CEP 20031-130
Tel. (21) 2220-56-18
/ 9923-1093
www.piratininga.org.br
/ npiratininga@uol.com.br
Coordenador:
Vito Giannotti
Edição:
Claudia Santiago (MTB.14.915)
Redação:
Kátia Marko e Claudia Santiago.
Web-designer:
Gustavo Barreto e Cris Fernandes.
Colaboraram
nesta edição: Esther Kuperman (RJ), Leonor Costa
(DF), Lígia Coelho (RJ), Marcio Morim (PR), Maringoni (SP), Niko
Jr. (RJ), Renato Lima (RJ), Regina Rocha (RJ), Rodrigo Otávio (RJ),
Rogério Tomaz Jr. (DF), Valdisnei Honório )MG) e Stela Guedes
(RJ). [voltar]
Se
você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda
esta mensagem escrevendo REMOVA.
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