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Boletim do NPCNº 87De 15 a 31.5.2006
Para jornalistas, dirigentes, militantes
e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais


Notícias do NPC

Quatro artigos para ajudar a entender a tragédia de São Paulo
Em função da tragédia que aconteceu na cidade de São Paulo no último final de semana, o BoletimNPC indica a leitura de quatro artigos que podem nos ajudar a compreender por que coisas deste tipo acontecem e nos dar dicas de como lutar para mudar radicalmente uma sociedade que produz estes fatos.

Boa leitura

A- Caldeirão do inferno. Por Marcos Faerman
Promiscuidade, violência, tráfico de drogas, corrupção, doenças e mortes. Se os presídios foram construídos para que os detentos pudessem se arrepender, corrigir-se e voltar ao convívio social, a receita estava errada. O resultado não poderia ser pior. Jogados no caldeirão fervente dos carandirus plantados pelo país afora, detentos às vezes nem tão perigosos assim iniciam um curto e eficiente aprendizado. A universidade do crime, sustentada pelos contribuintes, forma delinqüentes em diversos graus, com aulas práticas diurnas e noturnas. Escravidão sexual, espancamentos, assassinatos na madrugada, Aids, solidão e desespero, eis o que compõe o submundo atrás das grades (...) Uma radiografia dos presídios brasileiros. Matéria publicada na edição nº 320 de “Problemas Brasileiros”, de março/abril de 1997

B- À Ordem branca! O que os ataques do PCC nos têm a dizer? Por  Jaime Alves
O maior ataque criminoso perpetrado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC)  em São Paulo tem muito a nos dizer sobre a crise do sistema de segurança  pública no Brasil, sobre a crise de legitimidade da ação policial e expõe as fraturas de uma sociedade marcadamente desigual no acesso de brancos e negros à Justiça e aos bens sociais. Aqui, a segurança pública sempre foi vista sob a rubrica da militarização, da brutalidade contra os negros e do combate aos inimigos internos sob o eco da Ordem. As prisões são concebidas como depósitos de seres humanos inviáveis. Os maus-tratos e a tortura foram institucionalizados no imaginário autoritário da polícia e tornaram-se procedimento -padrão. Assim se arranca de jovens negros confissão de crimes, se forja flagrantes baseados na cor da pele, se criminaliza os pobres (...) Em 16 de maio de 2006

C- Tráfico nada tem de revolucionário. Por Marcelo Freixo
O tráfico é uma empresa capitalista das mais eficientes e completamente adaptada à realidade neoliberal que se instalou no Brasil na década de 90. É uma empresa concentradora de renda, altamente lucrativa, que utiliza mão-de-obra barata. É uma empresa que se estabeleceu num espaço onde ela não tem nenhuma preocupação com exigências legais ou cobranças de impostos. É uma empresa com forte produção de alienação do trabalho, onde a mão-de-obra não tem a menor idéia do quanto rende a empresa. E o efeito social disso é terrível (...) Em 15 de maio de 2006

D- Comunicado sobre os recentes episódios de violência em São Paulo. Do Centro de Justiça Global
A Justiça Global, organização não-governamental de direitos humanos, expressa sua mais veemente condenação aos atos de violência que tiveram lugar no estado de São Paulo nos últimos dias, e também à resposta das autoridades estaduais a esses atos. Entendemos e nos solidarizamos com a dor dos familiares dos agentes públicos e de todas as vítimas dos ataques do PCC e com a fragilidade experimentada por cidadãos que se viram expostos a  ônibus em chamas, explosões, ameaças, falhas em serviços públicos e a exploração sensacionalista  de alguns órgãos de imprensa (...) Em 17 de maio de 2006

Leia os textos em nossa página, em www.piratininga.org.br



A Comunicação que queremos

Agência Brasil de Fato: uma fonte para os movimentos sociais e seus veículos
O Jornal Brasil de Fato está ampliando suas atividades não impressas. Para isso criou a Agência de Notícias Brasil de Fato, que disponibiliza na página www.brasildefato.com.br todas as notícias recebidas e envia para outros veículos dos movimentos sociais. Além de divulgar como boletim para mais de cem mil destinatários. Os organizadores pretendem montar uma rede popular de repórteres profissionais e populares para fazer circular todas as notícias que interessam à militância e à organização do povo. Todos que tiverem interesse devem enviar notícias de seus movimentos ou de suas regiões para o editor Jorge Pereira (jorge@brasildefato.com.br). Artigos de opinião também serão aceitos. O Jornal também mantém convênio com a Agência Notícias do Planalto, que é especializada em notícias para programas de rádio. As notícias são transformadas em áudio ou formatadas para rádio e seguem para 1.200 rádios, comerciais e comunitárias de todo o país. 


Comunicação Sindical

Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas  realiza feira do Livro do Movimento Operário e Popular
O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região está organizando a II Feira do Livro do Movimento Operário e Popular, que acontecerá entre os dias 2 e 14 de junho de 2006, na sede central do Sindicato (Rua Dr. Quirino, nº 572, Centro). A abertura do evento acontecerá no dia 2, às 19h30. Os interessados em participar da feira devem entrar em contato pelo telefone (19) 3775-5555 - ramal 212 (Tina) ou pelo e-mail documentacao@metalcampinas.org.br

De acordo com o Departamento de Documentação do Sindicato, “o objetivo desta Feira é despertar nos leitores o interesse sobre a história e cultura dos povos em luta no Brasil e no mundo e fazer deste conhecimento um instrumento de análise crítica da sociedade para que eles possam desenvolver ações políticas nos movimentos sociais, populares e sindicais”. Ainda de acordo com o Sindicato, “o acesso e a possibilidade de comprar livros com preços promocionais, e o estímulo à organização de bibliotecas populares permitirão que lideranças populares e trabalhadores em geral tenham, por meio da leitura, um instrumento para uma análise crítica da sociedade.”

Confederação do Ramo Químico produz vídeo sobre Assédio moral no local de trabalho
A Confederação Nacional dos Químicos (CNQ) está divulgando um vídeo sobre um dos aspectos da velha exploração, hoje, com a nova roupagem neoliberal. É uma produção muito útil para discussões e conseqüentes ações sobre este tema. Reproduzimos o texto de divulgação deste documentário:

“O assédio moral no trabalho é a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada e no exercício de suas funções. Ele é mais comum em relações hierárquicas autoritárias, nas quais predominam condutas negativas, relações desumanas e sem ética de longa duração, de um ou mais chefes dirigidas a um ou mais subordinado (s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho.

A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais. Isto ocasiona graves danos a sua saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade de trabalhar, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.

Com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas à globalização e políticas neoliberais, o assédio moral deverá atingir duramente aos trabalhadores que, portanto, deverão estar organizados e aptos a se defenderem”. (Extraido de ‘Assédio Moral no Trabalho – Chega de Humilhação’)

Para obter este vídeo visite as páginas www.quimicosunificados.com.br ou www.assediomoral.org


De Olho Na Mídia

Pô, Chico, você pisou na bola! E feio.
Em charge na capa do jornal “O Globo”, o presidente da Bolívia, Evo Morales, é mostrado ligando para Marcola, insinuando algum acerto entre eles [Clique aqui para ver a charge]. Não dá para entender a piada. Texto de Gilberto Maringoni na Carta Maior

Chico Caruso é um dos melhores chargistas de todos os tempos em todo o mundo. É um talento incomparável. A história do Brasil dos últimos 30 anos fica melhor contada se for acompanhada das charges desse paulistano de Vila Madalena. Sua entrada na imprensa gerou uma legião de imitadores, criando um “padrão Chico”, uma espécie de ISO-9000 de excelência gráfica.

Seus dois primeiros livros, compilações de seu trabalho cotidiano no Jornal do Brasil, são memoráveis. “Natureza morta e outros desenhos” (1979) e “Não tenho palavras” (1980) exibem as personagens do final da ditadura – Figueiredo, Leitão de Abreu, Golbery etc. – em flagrantes hilários que câmera alguma conseguiu jamais captar. Virtuoso do traço e simultaneamente popular, Chico arrebentava.

Em 1984, nosso herói surpreende novamente. Editou um álbum de pôsteres – “Pablo mon amour” – no qual combina pinturas de Picasso com sua pena afiada. Uma caricatura de Adolf Hitler posando nu para o gênio catalão, enquanto este pintava Guernica, é um ponto everestiano da caricatura universal.

Como se diz no interior, tive a honra de organizar um livro no qual estávamos juntos, na companhia de seu irmão Paulo, além de Laerte, Claudius, Negreiros, Glauco, Jal e Alcy. A apresentação era de Luís Fernando Veríssimo e o volume chamava-se “Os filhos da Dinda” (1992), sobre as desventuras do escândalo PC-Collor.

Ah, ele é ainda excelente pessoa e papo agradabilíssimo, além de protagonizar shows musicais de se rir às bandeiras despregadas com seu irmão e uma banda de cobras.

Pronto, a bola de Chico está pra lá de cheia (embora ele não precise disso). Agora vou falar de uma pisada feia que ele deu.


O Globo ensina “como iludir o povo” através de uma manchete
O Globo de domingo,  1/05, na página 36 do Caderno de Economia, nos dá uma bela aula. A manchete “Lula sobre Evo: muita fumaça e pouco fogo” traduz a vontade do jornal de desqualificar o presidente da Bolívia, Evo Morales, que estaria dando péssimas lições para a América Latina, na visão do jornal.

A estrutura da manchete é simples e direta. Qualquer um, após sua leitura, vai concluir imediatamente que Evo Morales não é um cara sério, consistente, confiável. Ele é “muita fumaça e pouco fogo”. Ou seja, não é lá grandes coisas. 

No curto artigo se vê que não é isso que Lula disse do colega. Vejamos suas palavras: “Para Lula, a crise com a Bolívia, criada pelos ataques de Morales à Petrobrás, que ele acusa de manter atitudes “ilegais”, está encerrada: tinha muita fumaça e pouco fogo. Tanto o presidente Morales, quanto o do Brasil compreendem a necessidade de que a única chance que temos de nos desenvolver é a paz na América Latina”.

Por que O Globo fez aquela manchete? Correria de fechamento de jornal? Descuido? Nada disso! Simplesmente porque O Globo e toda a grande mídia (menos Carta Capital) estão torcendo, junto com Bush, para fazer desaparecer Evo Morales do mapa. O Globo usa todo o seu poderio para fazer isso.

Desde 1º de Maio, quando Morales anunciou a nacionalização do gás, em seu país, toda a mídia de direita ficou alvoroçada. Toda a mídia burguesa teve ataques de ódio e nojo contra Morales. E não foi só contra ele... mas também contra Chávez.

O Globo e seus congêneres estão certos. É assim que eles todos agem. É assim que garantem o cimento ideológico para manter a hegemonia nas mãos dos atuais donos do nosso País. É por isso que é preciso, mais do que nunca, criar, melhorar, incentivar a mídia alternativa. 

(Por Claudia Santiago)
Para entender a disputa de hegemonia travada nos grandes meios de comunicação, uma boa dica é assistir atentamente aos telejornais e, quem tiver TV a cabo, à GloboNews. Nesta última, desde as primeiras horas da manhã são transmitidas lições sobre o que a empresa chama de atraso. Seja nas reivindicações dos jovens franceses, seja na defesa soberana do seu subsolo por um país, como está sendo o caso da Bolívia. Na manhã da última terça, dia 16, a política de tolerância zero aplicada na cidade de Nova Iorque é sugerida, em edições seguidas, como a única solução para o trágico acontecimento nos últimos dias na cidade de São Paulo.

Bolívia dividida em dois relembra “A batalha do Chile”, em 1973 
No mesmo O Globo de 14 de maio, uma reportagem inteligente de Eliane Oliveira, de La Paz, nos dá uma exata visão da Bolívia dividida em dois campos. “Esse cenário divide o país entre aqueles que consideram Morales a única pessoa capaz de adotar medidas concretas de inclusão social e crescimento econômico sustentado – das classes mais pobres – e os que criticam o presidente, devido a seu forte discurso e sua clara parceria com o presidente venezuelano, Hugo Chávez. Entre os mais céticos estão representantes das classes média e alta.”

Os depoimentos relatados são o reflexo fiel deste quadro. De um lado a esperança dos pobres, do outro o ódio da classe média e alta.

O que está em jogo, na Bolívia, é a continuidade de 500 anos de uma história de saques e carnificinas feitas desde a antiga Espanha aos atuais EUA. Está em jogo a continuidade do saque de suas riquezas naturais: prata, estanho, cobre, salitre e, agora, gás, ou o começo de uma nova Bolívia nas mãos do seu povo. Um povo que foi escravizado e esmagado, no fundo das suas minas, para garantir a alegria e a acumulação de capital nas mãos do capitalismo europeu.

Sim, a Bolívia está dividida entre os 90% de índios, explorados e vendidos durante 500 anos e os 10% que se beneficiaram e se beneficiam desta situação. Para entender esta divisão e a batalha atual, na Bolívia, há uma novidade, para o Brasil, nas locadoras de filmes: “A Batalha do Chile”.

São três filmes do chileno Patrício Guzmán, que durante mais de quatro horas reconstróem a tragédia do Chile, país que tentou seu caminho na construção de um projeto socialista. No Chile, também, havia uma classe média e alta que queria impedir qualquer mudança social. E havia os trabalhadores e o povo pobre que queriam um novo país, justo, livre, independente e socialista.

A Batalha do Chile, considerado um dos dez melhores filmes políticos da história do cinema no mundo, é imperdível. É uma chave para entender a Bolívia de hoje. O filme não é uma simples aula. É um curso completo de história e política.

(Por Claudia Santiago)
O BoletimNPC insiste. Vejam a “Batalha do Chile”. Está é a terceira vez que tratamos desta obra no nosso informativo. É indispensável para todos os militantes dos Movimentos Sociais e para os que querem entender como funciona o mundo.

Dica: Coloque o primeiro DVD no aparelho numa tarde de domingo por volta das 17h, depois daquela soneca gostosa que sucede a macarronada dominical. Você vai sair da frente da tela no dia seguinte. Ah! Tem direito a paradinhas para a merenda. O três filmes mais o disco com os extras são seis horas de projeção.

Globo foi desrespeitoso com Lula e Morales
Foi no mínimo questionável a maneira como os principais sites e jornais brasileiros registraram o encontro de cúpula que reuniu, na semana passada, os presidentes da Bolívia, Brasil, Argentina e Venezuela, para tratar da questão energética no Continente. Não bastasse a forma distorcida como as notícias sobre os governos desses países latino-americanos vêm sendo retratadas pela grande imprensa nacional, a foto que circulou no Globo e outros jornais e sites brasileiros (e que deu origem a charges igualmente maldosas) não deixou dúvidas quanto às segundas intenções dos editores.

Além de grosseira e desrespeitosa para com os dois chefes de Estado, a foto que mostra Lula e Evo Moralez juntos, um à frente do outro, não cumpriu o papel de complementar ou reiterar a informação principal. Ao invés de noticiar, de forma jornalisticamente correta, o acordo firmado entre os quatro países no tocante à questão energética, a foto selecionada tinha o claro intuito de desprestigiar Lula, com insinuações de duplo sentido.

Ao contrário dos jornais e sites brasileiros, a imprensa estrangeira optou por informar (ao invés de deformar), registrando o momento em que os quatro governantes selaram o acordo, ao final do encontro. Talvez não fizesse mal aos coleguinhas brasileiros dar uma olhada nas edições do francês Le Monde, do espanhol El Pais e do chileno El Clarín (para citar alguns exemplos), e fazer uma comparação com as edições nacionais. Nunca é tarde para aprender a informar com respeito aos fatos e ao leitor.

(Por Lígia Coelho)

Democratização da Comunicação

Videoconferência articula mobilização nacional por um sistema democrático de rádio e TV digital
Uma série de mobilizações em todo o país: essa foi a principal deliberação da videoconferência da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital, realizada nesta quinta-feira (11/5). O encontro se deu por meio do sistema Interlegis, que conecta as assembléias legislativas dos estados, e contou com a participação de militantes do Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo, Brasília, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte e Tocantins.

Leia matéria de Bruno Zornitta clicando aqui.


Porto Alegre sedia debate pela democratização da comunicação 
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) realizou no dia 9 de maio, em Porto Alegre, a terceira edição de uma série de eventos para discutir a digitalização das comunicações no país. Nos meses de fevereiro e março, os Seminários Locais FNDC 2006 ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

A secretária-executiva do Fórum, Berenice Bezerra, informou que a idéia é levar a discussão a todas as capitais do país. Na avaliação da coordenadora, é fundamental que a sociedade participe dos debates sobre o processo de implementação da TV digital no país. Segundo ela, independentemente do padrão a ser definido, é importante que o interesse público esteja em primeiro lugar.

Berenice observou que, sob o ponto de vista técnico, a adoção por qualquer um dos modelos que atualmente estão em discussão no país - o japonês, o americano ou o europeu - implica aspectos positivos e negativos. “Todos são novos e estão sendo desenvolvidos. Então, qual é o melhor para o Brasil? É aquele que traga desenvolvimento, gere conhecimento, fortalecimento da nossa indústria, emprego, que possibilite que a gente não fique dependente de uma tecnologia de outro país, de maneira que a gente possa participar pelo menos com parte dos componentes fabricados aqui”, defendeu.

(Por Kátia Marko)

NPC Informa
  • Livros
O jornalista Ignacio Ramonet lança biografia de Fidel Castro
“Fidel Castro: biografia em duas vozes”, livro do jornalista do Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet, está sendo lançado na Espanha e será publicado no Brasil, pela Boitempo, em agosto – mês em que o presidente cubano completa 80 anos. Resultado de cem horas de entrevista, feitas entre janeiro de 2003 e dezembro de 2005, o livro faz uma retrospectiva da trajetória da vida pessoal e política de Fidel, e traz revelações como a confirmação da indicação de seu irmão, Raul Castro, para seu sucessor, e a intenção de Cuba de enviar dois aviões para resgatar Hugo Chávez durante o fracassado golpe de Estado venezuelano de 2002. A edição brasileira, traduzida pelo cientista político Emir Sader, terá apresentação de Fernando Moraes e um amplo caderno de imagens, muitas delas inéditas.

“Elite da Tropa” retrata o combate diário nas grandes cidades
No dia 23 de maio, às 19h, Luiz Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel e André Batista lançam, no Rio de Janeiro, o livro “Elite da Tropa” (rua Gen. Severiano, 97, Loja 108 – Botafogo). A publicação tem como proposta mostrar o ponto de vista do policial, seus hábitos, medos e desafios no exercício de sua profissão, nas grandes cidades. A partir de experiências reais, os autores criaram uma ficção vertiginosa ao mostrar o cotidiano de homens adestrados para se transformarem em cães selvagens. Segundo os autores, o policial pratica a brutalidade extrema, porque não se sente regido pela legalidade constitucional, mas pelo imperativo da guerra. “Elite da Tropa” é uma narrativa de ficção, onde fatos e cenários foram reescritos em parte ou no seu todo. Todos os lugares e pessoas têm nomes fictícios, para que suas identidades sejam preservadas.

  • Revistas
Novo número de Comunicação&Política
Para comprar o novo número da revista Comunicação&Política, editada há 24 anos pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), ligue para (21) 2233-2966 ou acesse www.cebela.org.br
  • Encontros
Encontro Paulista dos Estudantes de Comunicação
Será nos dias 26, 27 e 28 de Maio, em Bauru, no interior de São Paulo, o Encontro Paulista dos Estudantes de Comunicação Social – 2006. Os organizadores pretendem estimular a reflexão acerca de questões que envolvem a Comunicação e suas implicações na sociedade. Segundo nota distribuída à imprensa, “é uma construção coletiva concebida a partir da iniciativa da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social – ENECOS - que, por meio do movimento estudantil, de leituras, pesquisas e discussões, organizaram-se no sentido de aprofundar o conhecimento teórico-prático acerca da comunicação.” Informações: www.epecom2006.v10.com.br, ou pelo e-mail: epecom.2006@gmail.com

Contatos:
Natália Barrenha (Unesp-Bauru) : (19) 9767-7184
Guilherme Jeronymo (USP-SP) : (11) 7311-4779
Maíra Gomes (Unisantos) : (13) 9113-3798
Fábio Nassif (PUC-SP) : (11) 9577-6147

  • Filmes
Dois documentários atuais e úteis sobre a Bolívia
O gás da Bolívia é tema de todas as rodinhas de amigos. A direita quer pegar um gancho com os fatos para reafirmar sua visão contra o Estado, contra as nacionalizações, a favor de qualquer privatização e sempre disposta a abaixar a cabeça frente à vontade do império norte-americano. A maioria da esquerda se inflama com o tema por muitos aspectos e alguns fazem suas restrições a aspectos da política de Morales. Para qualquer um, estes dois filmes de Carlos Pronzato são instigantes. Para a direita servem para passar raiva. Para a esquerda, para refletir.

O filme mais atual é “Bolívia, a guerra do gás”, de 2003, porém mais atual do que nunca. O segundo é do ano passado, “Viva Bolivia - Evo Presidente”. Pronzato, argentino radicado na Bahia que trabalha com filmes para o movimento sindical e popular, viveu meses na Bolívia e é um militante de esquerda. Seus documentários sobre Canudos e sobre a revolta dos estudantes em Salvador (A revolta do Buzu) receberam vários prémios em vários países. Para conseguir cópia destes documentários entrar em contato com o diretor: cpronza8@yahoo.com.br ou pronzato@bol.com.br  e  (71) 3345-1268 / 9137-8935

Longa-metragem retrata a Guerrilha do Araguaia
“Araguaya, a Conspiração do Silêncio”, primeiro filme de ficção de Ronaldo Duque, vai ser lançado dia 26 de maio em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Pré-estréias poderão ser conferidas no dia 23 de maio, às 21h, no Cine Academia de Tênis de Brasília, e no dia 25 de maio, às 21h, no Cinema Odeon BR, no Rio de Janeiro.

O exército brasileiro no auge da ideologia da segurança nacional, um partido de esquerda dissidente, militantes aguerridos (a maioria deles ainda jovens e inexperientes), inocentes camponeses e uma região onde a ambição e a miséria disputavam lugar palmo a palmo. Esse é o cenário de Conspiração do Silêncio, longa metragem de ficção baseado em extensa pesquisa empreendida pelo realizador e roteirista Ronaldo Duque sobre a Guerrilha do Araguaia, um dos episódios mais importantes de nossa história contemporânea.

O filme é narrado a partir da personagem do Padre Chico, um religioso francês que chegou à região no início dos anos 60. A profunda identidade de Padre Chico com as pessoas da região, associada ao seu sentimento religioso e dúvidas existenciais, permitem abordar esse momento histórico com grande liberdade, evitando o risco de produzir uma “versão oficial” da história. O filme recebeu o Prêmio Especial do Júri, em 2004, no 32º Festival de Gramado - Cinema Brasileiro e Latino.

  • Fotografia
Bafafá lança concurso de Fotografia
O Jornal Bafafá 100% Opinião lança o seu 1º Concurso de Fotografia. O tema desta primeira edição é “Imagens inéditas do Rio de Janeiro”. O objetivo é incentivar o clique de ângulos diferentes da Cidade Maravilhosa. O concurso é aberto para fotógrafos profissionais e amadores. Os concorrentes podem inscrever até três fotografias que serão julgadas pelos fotógrafos Custódio Coimbra, Michel Filho e Fernando Rabelo.

O vencedor receberá R$ 300,00 em serviços fotográficos do Laboratório All Photo. As inscrições vão até dia 30 de junho e devem ser feitas exclusivamente pelo correio através do seguinte endereço: Rua do Russel, 724 - Glória - 22210-010 - Rio de Janeiro. O resultado com os vencedores e agraciados com certificados de participação será divulgado nas edições impressa e on line do Jornal Bafafá de julho de 2006. Confira o regulamento no site www.bafafa.com.br

  • Publicação
ONG Ler & Agir lança o jornal Falacarioca
No dia 28 de abril, a ONG Ler & Agir lançou o jornal Falacarioca. Além de integrantes da organização, jovens do Horto Florestal/Jardim Botânico (zona sul do RJ), Vilar Carioca e Nova Cidade/Campo Grande (zona oeste do RJ) são responsáveis pela redação. O objetivo é estimular os jovens a expressarem suas leituras de mundo e escrita. Além de falar de suas realidades vinculadas à realidade da cidade, do país e do mundo.

A Ler & Agir, nos seus cinco anos de atuação, percebeu a necessidade de se falar das histórias de formação das comunidades dos subúrbios, periferias e favelas do Rio de Janeiro. Assim como, de outras comunidades que são permanentemente ameaçadas de deslocamentos compulsórios na cidade. Segundo a ONG, “busca-se, assim, combater o esquecimento histórico de formação comunitária que muitas vezes são consideradas "invasoras", desprovidas de história e de sua construção pelos próprios moradores”. Este resgate histórico é feito pelos moradores jovens, na interação com os mais velhos.

O jornal tem como seções permanentes a memória popular e luta pela terra (resgate da história de formação das comunidades do Horto e de Vilar Carioca); Mídia faz Média;
Educação (A escola pública vista pelos alunos); Sobre Mulheres... e Homens; O que é Ser cidadão; Questões Ecológicas; Arte e Cultura Popular; Experiências dos Valores sociais; Observando-se a Si Mesmo.


Por Dentro da Universidade

IV Encontro Nacional de História da Mídia está com inscrições abertas
As inscrições já estão abertas para os interessados em participar do IV Encontro Nacional de História da Mídia, que terá como tema central “A revisão crítica dos 300 anos de censura”. O evento acontecerá de 30 de maio a 2 de junho, em São Luís. “Censura à Mídia no Brasil, 1706-2006”, “A luta pela liberdade de expressão na mídia emergente” e “Mídia Regional, Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação" são algumas das temáticas das palestras. 
As inscrições podem ser feitas até o dia 29/5, ao custo de R$ 80,00 para profissionais e R$ 40,00 para estudantes. O evento, que tem a promoção da Rede Alcar, é coordenado pela Associação Maranhense de Imprensa, em parceria com o Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma), Faculdade São Luís e Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Outras informações no site www.redealcar.net

Revista Margem Esquerda 7 é lançada com conferência de István Mészáros
A revista Margem Esquerda começa seu quarto ano de vida discutindo os dilemas da esquerda brasileira no último ano do governo Lula e diante de um novo ciclo eleitoral. A revista foi lançada com uma conferência do filósofo húngaro István Mészáros na USP, no dia 10 de maio. O artista Luiz Arthur Piza ilustra a revista com suas gravuras inspiradas em fatos jornalísticos, como as torturas na prisão de Abu-Ghraib e a violência nas cidades brasileiras Margem Esquerda nº 7 traz ainda uma homenagem a Apolônio Carvalho, em texto de Jacob Gorender sobre sua participação na Guerra Civil Espanhola.


De Olho Na Vida

Evento na UFRJ abre espaço para reflexão sofre de transtorno mental

A rotina no Centro de Tecnologia da UFRJ foi quebrada na tarde de segunda-feira, dia 8. Starlet dançava solta e frenética pelos corredores, ao som dos versos de Raul Seixas entoados pela banda Fantásticos: “Controlando a minha maluquez / Misturada com minha lucidez / Vou ficar... Ficar com certeza maluco beleza” (...). Starlet é o nome “artístico” de Rosiléia da Motta, que, como parte dos músicos da banda, é usuária do Instituto Municipal de Psiquiatria, Nise da Silveira.

O Caia nesta Loucura marcou o mês dedicado à luta antimanicomial. Na ocasião foi assinado um convênio com o Ministério da Saúde que fortalece a rede de projetos de iniciativas de geração de trabalho, renda e inclusão dos portadores de transtorno mental. A Incubadora de Cooperativas Populares da Coppe (UFRJ) organizou o evento. Além de oficinas sobre formação, técnica de vendas e qualidade, e de debates, grupos de clientes de 20 centros de atenção psicossocial do Rio de Janeiro apresentavam seus trabalhos.

Em sintonia com a diversidade
Uma das barraquinhas exibia produtos feitos com sementes nativas da Amazônia. Era do Projeto Patoá, que atende aos usuários dos centros de psiquiatria da Zona Oeste. O Centro Artur Bispo do Rosário criou, em março de 2002, o Arte, Horta & Cia, que funciona dentro da antiga Colônia Juliano Moreira, com trabalhos de culinária, bijuterias e velas decorativas. 
Os músicos do grupo Fantásticos são participantes de projetos como a Editora Encantar-te e da Escola de Informática e Cidadania, do Instituto Nise da Silveira.

Gonçalo Guimarães, coordenador da Incubadora, explica que há 10 anos trabalha com cooperativa de usuários da rede de saúde mental e que há cerca de 70 projetos sendo desenvolvidos no Rio de Janeiro. “Com os projetos de inclusão, os usuários são menos internados, aumenta a auto-estima e o uso de remédios diminui estupidamente”, afirma Gonçalo.

(Por Regina Rocha)

Proposta de Pauta

Estado abriu mão de cumprir a lei e de construir alternativas, diz especialista
“A crise que hoje se alastra por São Paulo, Bahia, Paraná e Mato Grosso na verdade é reflexo da falta de prioridade, da falta de políticas públicas e de uma mentalidade conservadora e inconseqüente do Poder Judiciário”. A opinião é do professor de História Marcelo Freixo, ex-coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro e membro do Centro de Justiça Global.

Um dos maiores especialistas em sistema carcerário do País, Freixo diz: “O governo paulista não perdeu o controle das prisões neste fim de semana. Na verdade, há muitos anos o Estado abriu mão de cumprir a lei e de construir alternativas para a crise do sistema penitenciário, que já esperávamos que explodisse a qualquer momento. De 1995 a 2003, a população carcerária do Brasil cresceu 93%. São Paulo tem hoje mais de 140 mil presos, o dobro de toda população carcerária da Argentina. A Lei de Execução Penal brasileira é uma das mais avançadas do mundo. Porém também é a mais descumprida dentro do Brasil. A distância entre o Brasil real e o Brasil legal atinge níveis dramáticos dentro das prisões. Não são leis mais rígidas, prisões piores e polícia mais violenta que vão nos dar a solução para esse problema. Precisamos ter a coragem e a responsabillidade de garantirmos os instrumentos que possam fazer valer o que a lei já nos garante. Não são novas leis e sim a possibilidade de cumprir as já existentes o grande desafio que se coloca à nossa frente”.

Saiba mais sobre o Centro de Justiça Global na página www.global.org.br


Imagens da Vida


Foto de Vinícius Souza e Maria Eugênia Sá
Apesar da hanseníase ter cura e dos ex-doentes não mais transmitirem a doença, cerca de cinco mil brasileiros continuam estigmatizados vivendo nos antigos leprosários. A matéria correspondente à foto está em nossa página, em www.piratininga.org.br


Memória dos Trabalhadores

“Revés do Avesso” faz edição especial sobre a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo
Está nas livrarias especializadas a revista paulista “Revés do Avesso”, com uma recuperação histórica de uma das principais experiências de trabalho operário e sindical que marcou as décadas de 70 e 80, em São Paulo. São 16 artigos, escritos pelos atores daquela época, sobre a origem, as lutas e o significado desta rica experiência da classe trabalhadora nas duas décadas que tanto marcaram os rumos dos trabalhadores do País. A década da agonia da ditadura militar com a explosão das greves metalúrgicas em São Bernardo e em São Paulo e a década do nascimento da CUT e do recorde mundial de greves, de 1980 a 1990.

Nas duas situações a Oposição Sindical de São Paulo teve um papel determinante, analisado de maneira completamente diferente, dependendo do ponto de vista e de onde as pessoas se situavam, naquela época e se situam, hoje. É uma publicação do O CEPE (Centro Ecumênico de Pesquisas e Estudos). Solicitações de exemplares podem ser feitas nos endereços:pometropolitana@ig.com.br; Rua Wenceslau Brás, 78, sala 103, (Sé) - Fone: 3106-5531 ou cepe.ft@globo.com, Centro Ecumênico de Publicações e Estudos (CEPE): Praça da Sé, 158, 7º andar,sl 701 - cep:01001-000 - São Paulo - fone: 3241-4711.

Maré recebe o primeiro museu em favelas do Rio de Janeiro
Foi inaugurado no dia 8 de maio na Casa de Cultura da Maré, no Rio de Janeiro, o primeiro museu em favelas da cidade, o Museu da Maré. A instituição foi criada com um propósito interativo, onde o público participa a cada visita, dando sugestões e contribuições para o acervo e também para mostrar aos visitantes a grande diversidade cultural do Rio de Janeiro. A iniciativa é da Rede Memória do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), com o apoio do Ministério da Cultura. Está na agenda de comemorações de 2006, Ano Nacional dos Museus. No mesmo dia foi lançada a Semana de Museus 2006.

O acervo do Museu da Maré conta com fotografias, documentos escritos, objetos do cotidiano dos moradores da favela e objetos históricos, doados por familiares de moradores já falecidos. Para o público, o museu será uma experiência inovadora, pois o projeto não é pautado por uma concepção tradicional de exposições prontas e acabadas das quais o público não participa. O acervo do museu está em construção permanente.

O projeto integra os pontos de cultura do Programa Cultura Viva/MINC. A Casa de Cultura da Maré fica na Av. Guilherme Maxwell, 26 – Maré (em frente ao SESI). Tel.: (21) 3868.6748.


Personagem da edição

Karl Marx (Trier, 5 de maio de 1818 - Londres, 14 de março de 1883)

“(…) daß die Emanzipation der Arbeiterklasse durch die Arbeiterklasse selbst erobert werden muß”
.Na nossa língua:
“(…) que a Emancipação da Classe Trabalhadora deverá ser obra da própria Classe Trabalhadora”
(Estatuto Provisório da Associação Internacional dos Trabalhadores, outubro de 1864)
“Para levar a um bom fim as idéias, é preciso homens que coloquem em jogo uma força prática”. Pela palavra e pela ação, Karl Marx, que nasceu no dia 5 de maio de 1818, ou seja, há 188 anos, na cidade alemã de Treves, construiu uma obra que influenciaria profundamente o pensamento e a vida de milhões de homens e mulheres ao longo dos dois últimos séculos. “Ser radical é tomar as coisas pela raiz. E para o homem, a raiz é o próprio homem”.

Como referência para movimentos sociais, políticos e culturais, foi um homem que viveu com coerência os desafios de seu tempo. “A história de todas as sociedades até hoje é a história da luta de classes”.

Sempre ligado às lutas da classe trabalhadora, foi perseguido e condenado ao exílio na França, onde conheceu aquele que seria seu grande parceiro e amigo, Friedrich Engels. “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem: não a fazem sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo passado”.

Mesmo vivendo com parcos recursos financeiros, produziu uma obra que, até os dias de hoje, se afirma como um referencial para o pensamento de político, filosófico e econômico. “A crítica não arranca das cadeias as flores ilusórias para que o homem suporte as sombrias e nuas cadeias, mas para que se desembarace delas e brotem flores vivas”.

E por compreender que o capitalismo se constituiu como um fenômeno mundial, via sua superação a partir da união dos que defendem os valores da solidariedade, da liberdade e da igualdade na luta contra a exploração e a alienação capitalista e pelo socialismo. “A burguesia...fez da dignidade pessoal um simples valor de troca e, no lugar de um sem-número de liberdades legítimas e duramente conquistadas, colocou a liberdade única, sem escrúpulos, do comércio”.

Penso que melhor do que falar do homem Marx, neste período do seu aniversario devemos aproveitar para refletir sobre alguns de seus pensamentos, de forma criativa e não dogmática, buscando a coerência entre o pensamento crítico e a ação transformadora, pois “A emancipação dos homens será obra dos próprios homens”.

(Por Renato Lima)

De Olho No Mundo

Governo Bush ameaça imprensa com leis mais duras
A relação entre o atual governo federal dos EUA e a imprensa americana sempre foi tensa, mas agora está se tornando perigosa. Pelas regras informais que guiaram por muitos anos as relações em Washington, o vazamento de informações governamentais era algo considerado corriqueiro, carregado de riscos toleráveis para funcionários do governo e, na pior das hipóteses, implicava na possibilidade de intimação de jornalistas pela divulgação da identidade de suas fontes confidenciais.

A administração Bush, ao contrário, tem colocado pressão na imprensa como nunca visto antes, e dá sinais de que pretende tratar o problema dos vazamentos de informações confidenciais como questão judicial. Apenas no último ano, uma repórter do New York Times foi presa por se recusar a testemunhar sobre sua fonte confidencial; esta fonte, um funcionário da Casa Branca, foi posteriormente identificada e processada sob acusações de mentir à Justiça; uma analista da CIA foi demitida por contatos não-autorizados com jornalistas; e diversas intimações foram emitidas obrigando repórteres a testemunhar perante um grande júri.

Há pouco tempo, o FBI passou a reclamar a entrega de documentos confidenciais adquiridos pelo jornalista investigativo Jack Anderson, morto em dezembro do ano passado, ao longo de sua carreira. O Bureau alega que, pela lei, nenhuma pessoa física deve possuir documentos confidenciais conseguidos ilegalmente. Nada de concreto foi feito ainda, mas funcionários do governo têm citado, em declarações públicas e documentos judiciais, a existência de leis que permitem a abertura de processos criminais contra jornalistas. Não há indicação de que alguma decisão pontual do gênero tenha sido tomada. Ainda assim, o governo federal e seus aliados dizem que todos os caminhos devem ser explorados para garantir que informações vitais para a segurança nacional não caiam nas mãos dos inimigos da nação. 


Pérolas da edição

“Com tantas pessoas perdidas, chorar pelas coisas seria desrespeitar a dor”

Eduardo Galeano (em meio à ditadura argentina)


“É melhor atirar-se à luta, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático como os pobres de espírito, que não lutam mas que também não vencem. Que não conhecem a dor da derrota, mas que não têm a glória de ressurgir dos escombros. Estes pobres de espírito, no final da jornada na Terra, não agradecerão a Jah por terem vivido, e sim pedirão desculpas por terem simplesmente passado pela vida”

Bob Marley

Nova entrevista em nossa página


Um homem é um homem
Grupo mineiro monta Brecht e denuncia Bush e aliados. De quinta a domingo, às 19h30, no teatro Carlos Gomes, até 4 de junho. Por Stela Guedes Caputo

Foto de Guto Muniz

O país imaginário é Urbequistão, em cuja capital Dagbá estão aquartelados cem mil soldados ocidentais, em uma guerra preventiva. Essas são as principais circunstâncias que vão transformar o pacato carregador Galy Gay em uma máquina de matar. O Grupo Galpão está no Rio até o dia 4 de junho para a temporada do espetáculo “Um homem é um homem”, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, com direção de Paulo José, também responsável pela livre adaptação da obra. A 16ª montagem do grupo mineiro vem bem a calhar, não só porque denuncia Bush, Blair e aliados em sua ensandecida invasão e guerra ao Iraque, mas também porque marca o cinqüentenário da morte de Brecht (14/8/1956). Na entrevista que segue, concedida pouco antes de mais uma apresentação, atores do grupo falam da experiência de fazer um espetáculo brechtiano.

Leia em nossa página, em www.piratininga.org.br

Uma poesia para você

Apresentação da Gorda Fome
De: Marcelo Mário de Melo

A fome sorri com dentes de ouro.
A fome se veste com roupas de seda.
A fome possui brilhantes nos dedos.

A fome já fez reengenharia.
A fome possui qualidade total.
A fome já vive a globalização.

A fome alimenta trezentas tribunas.
A fome fomenta seiscentos projetos.
A fome tem manhas e ri das campanhas.

A fome dá lucros & faz Companhias.
A fome é porteira de currais e votos.
A fome e parteira de cortiço e culto.

A fome é letrada: tem biblioteca.
A fome é avançada: não tem preconceitos.
A fome não tem pudor nem remorso.

A fome possui sede de vampiro.
A fome é gulosa e mastiga ossos.
A fome devora esperança e carne.

A fome é antiga e é pós-moderna.
A fome não tem ferida na perna.
A fome é robusta e diz que é eterna.

A fome apresenta um projeto histórico coerente e conseqüente.
A fome não se aproxima da classe dominante.
A fome é rigorosamente classista e se apóia na aliança operário-camponesa.
A fome é democrática e popular e inclui os excluídos.

A fome fez opção preferencial pelos pobres.
A fome faz trabalho de base na periferia.
A fome não tem nenhuma simpatia pela classe média, 
sempre apertando o cinto e nunca morrendo de fome.

A fome detesta nutricionistas e necrófilos.
A fome é contrária às vendas a crédito de produtos alimentícios.
A fome possui intelectuais orgânicos e agônicos pára-quedistas e surfistas.

A fome compromete sua agenda com penitenciárias e prostíbulos.
A fome adora crianças e mendigos.
A fome se alimenta mais de três vezes por dia com sucos sobremesas e muitos lanches.

A fome é gorda.
O faminto é magro.


Cartas

Impunidade e violência continua vitimando trabalhadores rurais
Prezad@s amig@s, sou Toninho Ribeiro, agente de pastoral da CPT (Comissão Pastoral da Terra) da Prelazia do Xingu, e gostaria de receber, em nome de nossa equipe CPT, o Boletim do NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação). Aqui na região da Transamazônica e Xingu procuramos contribuir com a luta da classe camponesa pela conquista da terra, contra a impunidade e violência que continua vitimando trabalhadores do campo e cobrando do governo federal ações que viabilizem a reforma agrária além de construir estratégias, com entidades parceiras, para enfrentamento do latifúndio e do agro negócio. No aguardo de uma resposta positiva, subscrevo-me. Respeitosamente, Toninho Ribeiro


Novos artigos em nossa página

Presidente do Sindijor/SE é processado por artigo em defesa da liberdade de imprensa. Por Sindicato dos Jornalistas de Sergipe
Uma coincidência macabra. Exatamente no dia 3 de maio, quando é lembrado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, quando a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) lançou o relatório "Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil", produzido a partir de um levantamento feito pela Comissão de Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da entidade e quando o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva assina uma  declaração internacional sobre o tema, José Cristian Góes, presidente do Sindijor/SE - Sindicato dos Jornalistas no Estado de Sergipe - é notificado por um oficial de Justiça de um processo de interpelação da 4a Vara Criminal do Estado, movido pelo Sinertej - Sindicato das Empresas de Rádio, TV, jornais, revistas e sites de Sergipe.

A ação judicial foi motivada justamente por ele escrever um artigo sobre a  liberdade de  imprensa, publicado no Jornal do Dia e no portal da Infonet, onde os jornalistas eram convidados para participar de um ato do sindicato em lembrança dos 30 anos do assassinato, pela ditadura militar, do jornalista Valdemir Herozg. O ato  ocorreu em Aracaju no dia 25 de outubro de 2005. O artigo-convite de Cristian Góes é  datado de 20 de outubro, cinco dias antes, mas a notificação do processo criminal só chegou  no dia 3 de maio de 2006, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Cristian tinha que  apresentar sua defesa na 4a Vara Criminal em 48 horas e a fez no prazo.

A mídia brasileira está cada vez mais venezuelana. Por Gilberto Maringoni
No episódio da nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos, mídia queria sangue. Como os fatos desmentem sua conduta, o problema, para a revista Veja, a Folha e o Estadão, está com os fatos.

Sindicatos “buscam identidade”, diz jornalista. Por Patrícia Fagueiro
“Quem diz que os sindicatos estão mortos, deveria acompanhar um. Por conta do neoliberalismo, os sindicatos buscam hoje uma identidade, mas não morreram”. Quem faz a afirmação é Rosângela Ribeiro Gil, jornalista que há 21 anos se dedica ao jornalismo sindical. A experiência não só a tornou conhecedora do “mundo do trabalho” (como ela designa os movimentos sindicais), como a fez participar de momentos inesquecíveis e emocionantes.“Eu gosto da luta operária. É mais que uma profissão, é a minha causa, me vejo como parte integrante”.

Movimento dos Sem-Terra, idéia e objeto. Por Marcio Lorin
Há um esforço por parte da imprensa em relacionar movimentos sociais ao  atraso. Não é raro assistirmos ou lermos reportagens sobre a ação de movimentos ou mobilizações sociais associados à idéia de resistência ao avanço técnico e ao progresso. Um conceito forjado na cabeça pela repetição de centenas e milhares de notícias carregadas de ideologia que, segundo Marilena Chauí, é um mascaramento da realidade social que permite a legitimação da exploração e da dominação. Por intermédio dela, tomamos o falso por verdadeiro, o injusto por justo.

Pesquisa revela a (des)confiança na mídia. Por Venício A. de Lima
No Dia da Imprensa, ao assinar solenemente a Declaração de Chapultepec, o presidente da República reafirmou aos empresários da grande mídia seu compromisso com a liberdade de imprensa, lembrou a responsabilidade proporcional ao seu poder que jornais e jornalistas devem ter, e manifestou sua confiança na sabedoria e no discernimento da população em relação às notícias veiculadas pela mídia. (maio/2006)

Pautar a comunicação na perspectiva dos trabalhadores. Por Valdisnei Honório Alves
Pautar a comunicação transversalmente na relação com as práticas sociais da maioria da sociedade brasileira e, em particular, na vida cotidiana dos indivíduos, deve ser uma atividade permanente das representações sociais, culturais e políticas dos trabalhadores. Ela  envolve todos nas suas relações de gênero, de etnia,  de moradia, de trabalho, de lazer, de estudo, de vivências familiares e comunitárias e nas redes sociais que tecem se produzindo como sujeitos históricos, mediando assim as contradições do sistema capitalista, as diferenças sociais e a diversidade cultural, historicamente geradas e manifestas nos modos como se estruturam a vida material e a subjetividade social, próprios deste sistema e de sua civilização desumana.

Carta distribuída no seminário “TV Digital: Futuro e Cidadania” no Congresso Nacional. Brasília, 16 de maio de 2006
Diante da possibilidade do anúncio pelo governo federal da tecnologia a ser adotada no processo de digitalização da televisão no Brasil, a Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital, vem a público manifestar seu repúdio  à forma como tem sido conduzido o processo de escolha do padrão pelo governo federal.

Modelo brasileiro de rádio e TV digital no Brasil: realidade ao alcance de todos. Por Profª Eula D. Taveira Cabral
As associações de rádio e de TV, as emissoras, a sociedade civil, cada cidadão precisa entender a importância da digitalização no país e não se deixar levar por histórias contadas na mídia e nem por pressas do governo brasileiro. Implantar a TV e o rádio digital em qualquer país leva tempo – não acontece de uma hora para outra.

Qualidade na comunicação: moda ou necessidade? Por Profª Eula D. Taveira Cabral
Nos últimos dias, ouve-se falar na mídia e nos eventos científicos sobre a importância da qualidade na comunicação. Programas exibidos na mídia são focos de análise do cidadão comum e do cientista. Mas, será que essa mudança em prol de se exigir o melhor para a sociedade brasileira é moda ou necessidade? Será que houve um despertar em prol de se proporcionar o melhor a todos?

O MST é solidário com o jornal Brasil de Fato. E você?
O MST, nesta edição especial, quer compartilhar com você as preocupações em construir a comunicação como ferramenta de educação popular e de organização dos trabalhadores e trabalhadoras. O Jornal Brasil de Fato é uma das formas de materializar essa proposta. Socializamos abaixo uma carta da equipe editorial do jornal e pedimos o seu empenho nesta causa, tão justa quanto o ato de ocupar um latifúndio.

Os dois lados da moeda notícia. Por Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá
Vivemos a era da comunicação. Todas as notícias do mundo inteiro, bibliotecas completas, o saber acumulado por gerações estão à distância de um simples clique. (...) praticamente qualquer pessoa em qualquer lugar pode divulgar mundialmente informações sobre o que acontece em sua comunidade, em seu campo de estudos, em sua vida. Mas se as fontes são tão ricas e variadas, por quê os noticiários acabam tão iguais? (maio de 2006)

Os interesses nacionais. Por Flávio Aguiar
Dá uma certa náusea ouvir o vozerio na mídia dos que pedem medidas drásticas contra o governo (e o povo) da Bolívia, a grita para que o governo brasileiro aja “com frieza empresarial”, para que defenda “os interesses nacionais”. Evo Morales é um presidente de palavra: fez o que disse que ia fazer.(maio de 2006)


 


Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação

Rua Alcindo Guanabara, 17, sala 912 - CEP 20031-130
Tel. (21) 2220-56-18 / 9923-1093
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Coordenador: Vito Giannotti
Edição: Claudia Santiago (MTB.14.915)
Redação: Kátia Marko e Claudia Santiago.
Web-designer: Gustavo Barreto e Cris Fernandes.
Colaboraram nesta edição: Esther Kuperman (RJ), Leonor Costa (DF), Lígia Coelho (RJ), Marcio Morim (PR), Maringoni (SP), Niko Jr. (RJ), Renato Lima (RJ), Regina Rocha (RJ), Rodrigo Otávio (RJ), Rogério Tomaz Jr. (DF), Valdisnei Honório )MG) e Stela Guedes (RJ). [voltar]


Se você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.
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ÍNDICE
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Notícias do NPC
Quatro artigos para ajudar a entender a tragédia de São Paulo

A Comunicação que queremos
Agência Brasil de Fato: uma fonte para os movimentos sociais e seus veículos

Comunicação Sindical
Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas  realiza feira do Livro do Movimento Operário e Popular
Confederação do Ramo Químico produz vídeo sobre Assédio moral no local de trabalho

De Olho Na Mídia
Pô, Chico, você pisou na bola! E feio.
O Globo ensina “como iludir o povo” através de uma manchete
Bolívia dividida em dois relembra “A batalha do Chile”, em 1973
Globo foi desrespeitoso com Lula e Morales

Democratização da Comunicação
Videoconferência articula mobilização nacional por um sistema democrático de rádio e TV digital
Porto Alegre sedia debate pela democratização da comunicação

NPC Informa
O jornalista Ignacio Ramonet lança biografia de Fidel Castro
“Elite da Tropa” retrata o combate diário nas grandes cidades
Novo número de Comunicação&Política
Encontro Paulista dos Estudantes de Comunicação
Dois documentários atuais e úteis sobre a Bolívia
Longa-metragem retrata a Guerrilha do Araguaia
Bafafá lança concurso de Fotografia
ONG Ler & Agir lança o jornal Falacarioca

Por Dentro da Universidade
IV Encontro Nacional de História da Mídia está com inscrições abertas
Revista Margem Esquerda 7 é lançada com conferência de István Mészáros

De Olho na Vida
Evento na UFRJ abre espaço para reflexão sofre de transtorno mental

Proposta de Pauta
Estado abriu mão de cumprir a lei e de construir alternativas, diz especialista

Imagens da Vida
Foto de Vinícius Souza e Maria Eugênia Sá

Memória dos Trabalhadores
“Revés do Avesso” faz edição especial sobre a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo
Maré recebe o primeiro museu em favelas do Rio de Janeiro

Personagem da edição
Karl Marx (Trier, 5 de maio de 1818 - Londres, 14 de março de 1883)

De Olho No Mundo
Governo Bush ameaça imprensa com leis mais duras

Pérolas da edição
Eduardo Galeano e Bob Marley

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Impunidade e violência continua vitimando trabalhadores rurais

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Sindicatos “buscam identidade”, diz jornalista. Por Patrícia Fagueiro
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Modelo brasileiro de rádio e TV digital no Brasil: realidade ao alcance de todos. Por Profª Eula D. Taveira Cabral
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