Videoconferência
articula mobilização nacional por um sistema democrático
de Rádio e TV Digital
Por Bruno Zornitta, no FazendoMedia,
12.05.2006
Uma
série de mobilizações em todo o país: essa
foi a principal deliberação da videoconferência da
Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV
Digital, realizada nesta quinta-feira (11/5). O encontro se deu por meio
do sistema Interlegis, que conecta as assembléias legislativas dos
estados, e contou com a participação de militantes do Rio
de Janeiro, Pernambuco, São Paulo, Brasília, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte e
Tocantins.
Inicialmente,
a proposta da frente era a realização de um ato unificado
nacional. Na videoconferência, entretanto, surgiu a idéia
de uma semana (ou jornada) de mobilizações, que foi acatada
por todos. Os dias da jornada não foram definidos, por falta de
tempo. A organização da jornada e a sistematização
das propostas do movimento serão debatidas por meio da lista de
discussão da Frente [http://listas.softwarelivre.org/cgi-bin/mailman/listinfo/frenteradiotvdigital].
Tarefas
Os militantes
do Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais ficaram responsáveis
pela elaboração de um "cardápio" de ações
para o movimento e de um material informativo a ser distribuído
para a população. O coletivo de Brasília se responsabilizou
por conversar com parlamentares e exigir retorno do ofício enviado
no dia 5 de abril à ministra-chefe da Casa Civil da Presidência
da República, Dilma Roussef. O pessoal de São Paulo cobrará
ação do Ministério Público, que realizou audiência
pública sobre o tema no dia 24 do mês passado.
No ofício
enviado à Dilma Roussef, a Frente pede a publicização
dos documentos produzidos pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPqD) e dos relatórios dos consórcios
de pesquisa do SBTVD, a realização de audiências públicas
em todo o país, a reativação imediata do Conselho
Consultivo do SBTVD, a promoção de uma campanha de esclarecimento
à opinião pública e a criação do Sistema
Brasileiro de Rádio Digital.
Os participantes
da videoconferência ressaltaram a necessidade de articulação
da Frente com grandes organizações sociais, como o MST, a
UNE e a Via Campesina. Também foi comentada a necessidade de chamar
os sindicatos de jornalistas e a Federação Nacional de Jornalistas
(Fenaj) a abraçarem a mobilização nacional. Outra
estratégia é pressionar os parlamentares a se engajarem na
causa, aproveitando a conjuntura de eleições.
O lançamento
de uma campanha nacional e a criação de uma página
da Frente na internet também figuram entre as demandas. Além
disso, a Frente pretende pedir uma audiência com o presidente Lula.
Os movimentos sociais entendem que, se o presidente está se reunindo
com empresários do setor, é mais do que justo que ele receba
também a sociedade civil para debater a digitalização.
Democratização
A digitalização
do rádio e da TV não é uma questão meramente
técnica, como a mídia grande quer fazer crer com suas reportagens
que focam sempre na escolha entre este ou aquele padrão tecnológico.
Ela é política, pois a digitalização traz a
possibilidade de democratizar o espectro eletromagnético de radiodifusão,
onde são alocados os canais. Nesse sentido, seria possível
distribuir várias novas concessões públicas de radiodifusão,
colocando em sinal aberta as TVs comunitárias e universitárias,
por exemplo. É a oportunidade de discutir também a criação
de um sistema público de radiodifusão, como estabelece o
artigo 223 da Constituição Federal.
A mídia
grande defende o padrão japonês de TV digital - preferido
dos empresários - e tenta criar uma situação de fato
consumado com relação a sua adoção. Não
é verdade. Nada está definido. E mesmo que o padrão
japonês seja adotado, ainda assim é possível democratizar
a mídia, se forem cumpridos os objetivos descritos no Decreto Nº
4901/03, que instituiu o Sistema Brasileiro de TV Digital. Um dos objetivos
é "aperfeiçoar o uso do espectro de radiofreqüências",
ou seja, garantir o maior número possível de emissores de
conteúdo.
Para otimizar
o uso do espectro, os movimentos pela democratização da mídia
defendem a adoção de um "operador de rede", entidade responsável
pela distribuição do conteúdo, que prestaria serviço
às emissoras. O operador de rede seria responsável pela infra-estrutura
digital de distribuição de conteúdo e pela gestão
do espectro. Esse instrumento favoreceria as pequenas emissoras, que não
precisariam investir em infra-estrutura para distribuição.
O operador de rede poderia ser público ou privado, sendo que o caráter
público desta entidade permitiria o aperfeiçoamento do controle
público sobre a gestão do espectro.
Modelo
latino-americano
A TV
Comunitária de Brasília enviou carta aberta ao presidente
venezuelano, Hugo Chávez, em 19 de abril, pedindo a convocação
de uma conferência do Mercosul sobre televisão digital. A
carta lembra que o governo Lula investiu 36 milhões de dólares
em pesquisas e pede a criação de um padrão de TV digital
do Mercosul, que promova a integração dos povos, "liberando-os
da dependência dos conglomerados imperiais que têm a intenção
de utilizar a TV digital apenas como uma ferramenta de manipulação,
enriquecimento e subordinação dos povos do sul". A carta
refere-se a Chávez como "principal inspirador e organizador do canal
de televisão mais livre e integrado do nosso Continente, que é
a Telesul [www.telesurtv.net]".
Entidades
que compõem a Frente:
Abong
- Associação Brasileira de ONGs
Abraço
- Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária
ABCCOM
Associação Brasileira de Canais Comunitários
ABCTEL
Associação Brasileira dos Consumidores de Telecomunicações
ABD Nacional
- Associação Brasileira de Documentaristas
ABD&C-RJ
- Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas
- RJ
ABTU
- Associação Brasileira de Televisão Universitária
Amarc
- Associação Mundial de Rádios Comunitárias
AMP Articulação
Musical de Pernambuco
Aneate
- Associação Nacional de Técnicos em Artes e Espetáculos
Associação
Software Livre.org
Campanha
Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania
CBC -
Congresso Brasileiro de Cinema
CCLF
- Centro de Cultura Luiz Freire
Central
de Movimentos Populares do Rio Grande do Sul
Comunicativistas
CFP -
Conselho Federal de Psicologia
Confea
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CRIS
Brasil - Articulação Nacional pelo Direito à Comunicação
CUT Central
Única dos Trabalhadores
Enecos
- Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social
Farc
Federação das Associações de Radiodifusão
Comunitária do Rio de Janeiro
Fenaj
Federação Nacional dos Jornalistas
Fittert
- Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão
e Televisão
Fittel
Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações
FNDC
- Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
FNPJ
Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo
Fopecom
- Fórum Pernambucano de Comunicação
Inesc
- Instituto de Estudos Sócio-Econômicos
Intervozes
- Coletivo Brasil e Comunicação Social
Instituto
de Mídia Étnica
MNDH
- Movimento Nacional de Direitos Humanos
Sindicato
dos Jornalistas do DF
Sindicato
dos Jornalistas de PE
Sindicato
dos Jornalistas do RS
Sindicato
dos Radialistas do DF
Sinos
SintPq
Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia de
São Paulo
STIC
Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica
e Audiovisual
TV Comunitária
de Brasília
Ventilador
Cultural
FNPJ
Cáritas
Brasileira
Comissão
Pastoral da Terra - MG
Comitê
Mineiro do Fórum Social Mundial
Fenajufe
Federação dos Trabalhadores do Poder Judiciário e
Ministério Público da União
Jornal
Brasil de Fato
Movimento
Capão Xavier Vivo
ONGTVER
MG
Rede
Nacional de Advogados Populares
Sindicato
dos Bibliotecários de Minas Gerais
Sindjufego
Sindicato do Judiciário Federal em Goiás
Sitraemg
Sindicato dos Trabalhadores do Poder /judiciário Federal no Estado
de MG
Centro
de Mulheres do Cabo
REde
Eptic
RITS
- Rede de Informações do Terceiro Setor
ABRANDH
- Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos
Humanos
CREC
- Centro Rioclarense de Estudos Cinematográficos
Projeto
Software Livre Brasil
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
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