Presidente do Sindijor/SE é processado por artigo em defesa da liberdade de imprensa
Por Sindicato dos Jornalistas de Sergipe


Uma coincidência macabra. Exatamente no dia 3 de maio, quando é lembrado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, quando a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas)  lançou o relatório "Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil", produzido a partir  de um  levantamento feito pela Comissão de Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa  da entidade e quando o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva assina uma  declaração internacional sobre o tema, José Cristian Góes, presidente do Sindijor/SE - Sindicato dos Jornalistas no Estado de Sergipe – é notificado por um oficial de Justiça de um processo de interpelação da 4a Vara Criminal do Estado, movido pelo Sinertej - Sindicato das Empresas de Rádio, TV, jornais, revistas e sites de Sergipe.

A ação judicial foi motivada justamente por ele escrever um artigo sobre a  liberdade de  imprensa, publicado no Jornal do Dia e no portal da Infonet, onde os jornalistas eram convidados para participar de um ato do sindicato em lembrança dos 30 anos do assassinato, pela ditadura militar, do jornalista Valdemir Herozg. O ato  ocorreu em Aracaju no dia 25 de outubro de 2005. O artigo-convite de Cristian Góes é datado de 20 de outubro, cinco dias antes, mas a notificação do processo criminal só chegou no dia 3 de maio de 2006, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Cristian tinha que apresentar sua defesa na 4a Vara Criminal em 48 horas e a fez no prazo.

Segundo o advogado que assina a ação 200520400603, Cristobaldo Alves dos Santos, mesmo advogado do jornal semanário Cinform, o presidente do Sindijor/SE, em seu artigo, "faz referências e alusões ofensivas (difamação, calúnia e injúria) a todos os veículos de comunicação do Estado de Sergipe, bem como a todos os seus representantes  legais, sem exceção". Em seguida justifica a afirmação reproduzindo um trecho do artigo  de Cristian: "Então, o ato público do próximo dia 25 assume também um caráter  muito mais amplo. Não é uma ação apenas de profissionais da imprensa, mas de toda sociedade sergipana. Lembrar Vladimir Herzog é dizer não a censura, a imposição da linha editorial oficial, à omissão, à violência. Lembrar Vlado é garantir que a sociedade não vai se calar diante das ameaças, das pressões e dos assassinatos.", dizia o artigo.

"Que veículos de comunicação são citados no artigo? todos? onde? que  representantes legais das empresas faço sequer referências? a todos? sem exceção? em que  lugar? A coluna apenas lembrava dos 30 anos do assassinato de Vlademir Herog e convidava para o ato do Sindijor/SE", esclarece Cristian Góes. Em outro trecho o Sinertej garante que o presidente do Sindicato dos Jornalistas faz ofensas à dignidade, credibilidade, respeitabilidade e fere o decoro de todos os meios de comunicação. "De forma nenhuma. Faço uma crítica geral, de opinião, de expressão de pensamento. Não nem cito e nem ofendo veículos e nem seus representantes", completa Cristian Góes. O presidente do Sinertej é o  jornalista Messias Carvalho, da TV Caju.

O presidente do Sindijor disse estar muito tranqüilo porque não cometeu nenhum crime que o sindicato patronal lhe imputa. "Não acredito que esta ação prospere. Tenho a esperança que as explicações dadas serão plenamente acatadas pelo Judiciário", afirma  Cristian Góes. Ele disse que a ação, ao contrário, serve de ânimo para que a luta em  defesa de uma comunicação mais democrática se fortaleça.
 
 


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