Veja
aderiu à imprensa marrom
Por Alberto Dines, no Observatório da Imprensa, abril de 2006
Não foi casualidade, mas livre arbítrio. O rapaz sabe o que lhe convém. Veja é que não tem o direito de achincalhar seus quase 40 anos de história incorporando com tanto gosto a depravação que Diogo Mainardi espalha em seus escritos. Os nomes que enfeitam o expediente da Veja não merecem entrar para a história associados a um dos episódios mais nauseantes do jornalismo brasileiro. O carro-chefe da Editora Abril tem responsabilidades, compromissos com a sociedade. Uma de suas co-irmãs, Nova Escola, é distribuída pelo Ministério da Educação, concebida como ferramenta para a formação de cidadãos decentes e dignos. (Grifo em vermelho da editora) Veja segue impávida na direção contrária: a brava resposta do jornalista Franklin Martins às patacoadas mainardianas não foi publicada, sequer em parte, na edição nº 1.953 (de 26/4/2006). A democrática Veja não admite contestações, é tão infalível como o Santo Ofício da Inquisição. Do convívio com a ditadura, os responsáveis pelo semanário não desenvolveram uma repugnância à arbitrariedade, ao contrário, assimilaram a arrogância e a prepotência. Ganhou a parada No lugar de respeitar o direito de resposta de quem foi ultrajado, Veja preferiu exibir o poder do arbítrio: publicou duas cartas de mainardis-mirins. Seus atentos editores nem perceberam a única frase verdadeira que Diogo Mainardi escreveu nos últimos dez anos: "Jornalistas não estão acostumados a prestar contas a ninguém" (pág. 127, 6º parágrafo). Ele, principalmente. Seus contratantes, mais do que ninguém. De vilania em vilania, Veja transformou-se no exemplo de um voluntarismo tornado démodé até na máfia siciliana. Sua famosa "lista negra" perenizou-se, atravessa gerações, transfere-se para outros veículos, caso clássico de fascismo que nossa imprensa - apesar das mazelas - não merece exibir. Mainardi
ganhou a parada: contaminou a revista Veja com o lado marrom da sua alma.
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