TV
Digital: O que as emissoras querem esconder
Por Gustavo Gindre, março de 2006
No caso do padrão europeu (DVB), por exemplo, a transmissão para recepção móvel teria que usar a banda reservada para a telefonia celular, o que incluiria as empresas de telefonia no núcleo-central da operação de TV. Receosas desta concorrência, as emissoras, então, preferem a modulação japonesa. Antes de prosseguir, algumas ressalvas: * *
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Modelo pago Mas voltemos ao suposto motivo da preferência da modulação japonesa pelas emissoras de TV: a transmissão para recepção móvel. Pois bem, agora ficamos sabendo que, desde março de 2005, a Finlândia possui uma operação-piloto de transmissão da TV digital para recepção móvel utilizando o padrão de modulação europeu conhecido como DVB-H e transmitindo justamente pela banda de UHF, que a Globo dizia ser uma exclusividade do padrão japonês. Estão envolvidas na experiência o operador de rede de broadcast da Finlândia (Digita), a maior emissora de TV daquele país (MTVB), a maior rede de TV nórdica (Sanoma WSOY), a TV pública da Finlândia (YLE), as duas maiores teles do país (Elisa e Telia Sonera) e a Nokia. O modelo de negócios escolhido envolve as teles e é pago. Mas poderia perfeitamente ser gratuito, já que utiliza a banda de UHF e se trata de serviço de radiodifusão. Neste caso, não há nenhuma necessidade tecnológica de envolver as teles ou de cobrar do usuário. Trata-se de uma opção do modelo de negócios finlandês e não de uma demanda tecnológica. E, ainda, também ficamos sabendo que a Holanda já está construindo sua rede para transmitir em DVB-H igualmente usando a banda de UHF. Jogo nos gabinetes Antes de prosseguir, nova ressalva. Vejam bem que este artigo não procura defender a adoção brasileira do DVB. Muito pelo contrário, continuo achando que devemos adotar a tecnologia nacional do SORCER. Dito isso, cabe perguntar: se definitivamente não é verdade o que as emissoras disseram que somente o ISDB permitiria a transmissão para recepção móvel através da banda do espectro eletromagnético reservada para a radiodifusão, se é verdade que o DVB e o brasileiro SORCER igualmente permitem este mesmo tipo de transmissão, se também é verdade que qualquer padrão garante a alta definição (defendida pelas emissoras) e a introdução de serviços interativos, então por que, afinal de contas, as emissoras de TV estão defendendo a adoção do ISDB japonês? Qual é a parte dessa história que nós não sabemos e que ainda não veio a público? O que
é que nós só saberemos depois, quando o jogo já
tiver sido decidido nos gabinetes de Brasília, sem a participação
da sociedade civil?
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