Desafios da imprensa sindicalista
Por José Reinaldo Marques, para o jornal da ABI, março de 2006


Vito Giannotti, do Núcleo Piratininga de Comunicação, diz que um dos maiores problemas do jornalismo sindical é a baixa escolaridade — “entre quatro e seis anos, segundo dados do MEC” — de grande parte de seu público-alvo:

— Este fato determina toda a realidade desse segmento da imprensa: o tamanho dos artigos, o formato, a apresentação e, sobretudo, a linguagem.

Outra questão importante é mostrar capacidade de se manter atualizado — com domínio completo dos novos aparatos tecnológicos — para falar ao leitor sobre a realidade e a necessidade de reação diante de novas situações. Por estas e outras razões, Cláudia de Abreu, coordenadora de Imprensa do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo do Rio de Janeiro (Sindipetro), que publica o jornal Surgente, defende com veemência o profissionalismo de quem atua em veículos sindicais e condena a discriminação ao setor:

— Tudo que se exige de um jornalista em qualquer área é exigido na imprensa sindical: precisão da informação, textos bem-feitos, boa produção gráfica. Quem faz jornalismo sindical só com palavras-de-ordem não sabe trabalhar, já que isso não funciona.

Cláudia, coordenadoraCláudia não gosta de usar o termo “político-partidário” para classificar a imprensa sindical:

— Não são sinônimos. Quem mistura os dois não costuma ter apoio das bases. Não há como fazer jornalismo sem ser ideológico, o que não tem nada a ver com ser partidário. Alguém acha que o jornalismo do Globo ou do Jornal do Brasil é isento? Não se pode confundir equilíbrio de opiniões — que sempre deve ser buscado, inclusive na imprensa sindical — com isenção.

A editora do Surgente diz que não trocaria a sua posição atual para trabalhar em outra área da mídia: 
— O Sindipetro nos dá oportunidade de trabalhar em diversos meios. Além do jornal semanal, estamos criando nossa primeira revista e produzimos programas na TV Comunitária. Há também programas patrocinados pelo sindicato na Rádio Bandeirantes.

O Surgente é semanal, circula com quatro páginas em formato standard e tiragem de 11 mil exemplares e, segundo Cláudia, “tem alto índice de satisfação entre os petroleiros”.

Ampliação de debates 

No jornal Meta e na recém-lançada revista Forja, do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, a ampliação dos temas que deverão ser debatidos pelos trabalhadores é o principal eixo da linha editorial implementada pelo Departamento de Imprensa.

Trimestral, a revista, segundo a jornalista Cláudia Dias, traz artigos, ensaios e reportagens dirigidos aos mais de 45 mil metalúrgicos fluminenses e suas famílias e também será distribuída para empresários, profissionais liberais e políticos. A nova publicação pretende resgatar parte da história do sindicato e seus personagens, anunciar serviços e projetos e prestigiar a categoria:

— O projeto da Forja surgiu no ano passado. Queremos divulgar as opiniões do sindicato, formando e informando os trabalhadores, aprofundando certas questões e alcançando o maior número possível de leitores. Atendemos, em grande parte, ao operariado. Mas não podemos esquecer, por exemplo, o setor administrativo. Estamos nos modernizando e formulando novos discursos, para chegar a todos os trabalhadores das empresas metalúrgicas.
 
 


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